Uma mulher que trabalha nos bares dos comboios da CP – Comboios de Portugal, que tem vínculo laboral com outra empresa, ter-se-á visto “obrigada” a dormir na estação de caminhos de ferro de Braga, na passada quinta-feira, com medo de ser despedida, por não ter comboio para regressar a casa.
O caso é denunciado pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-IN), que acusa a empresa Servirail de obrigar a trabalhadora a trabalhar 16 horas.
“A trabalhadora fazia uma escala de quatro dias de trabalho e dois dias de folga, mas agora foi-lhe imposto um regime de dois dias de trabalho e dois dias de folga”, escreve no seu site.
“Com esta escala, a trabalhadora sai do Porto às 08:05 horas, aguarda pelo comboio em Braga até às 10:05 horas e regressa a Braga às 23:25 horas, sendo que apanha comboio em Braga às 23:32 e chega ao Porto, às 00:30 horas, ou seja, a trabalhadora ficaria 16.25 horas ligada à empresa e no dia seguinte fazia o mesmo horário”, explica a intersindical.
Neste contexto, relata a CGTP-IN, na passada quinta-feira passada, dia 01 de fevereiro, “com medo de ser despedida”, a trabalhadora terá arriscado levar [NDR. ir n]o comboio até Braga, “mas, como o comboio ia atrasado e não recuperou, a trabalhadora viu-se obrigada a pernoitar na estação da CP em Braga sem qualquer proteção“.
“Ela enviou SMS aos responsáveis da empresa se pagavam o hotel ou o táxi, mas não obteve resposta”, é dito.
“Trata-se de uma ilegalidade e de uma violência brutal contra uma trabalhadora que, além e ser mãe e estar afastada do filho durante 16 horas, vê-se obrigada a dormir na rua com medo de ser despedida, só por ter optado pela reintegração no seu posto e local de trabalho”, protesta a confederação de sindicatos.
Os bares dos comboios Alfa Pendular e Intercidades da CP são explorados pela multinacional “Servirail”.
“Esta empresa contrata sistematicamente e sem fundamento legal, trabalhadores a termo certo”, acusa a CGTP-IN, que diz que o sindicato já alertou várias vezes aquela multinacional “que os contratos celebrados diretamente ou através de empresas de trabalho temporário não estão devidamente fundamentados, pois deles não constam os factos e circunstâncias que levaram à sua celebração, tendo exigido a passagem destes trabalhadores ao quadro da empresa”, algo que a empresa “sempre recusou”.
O Sindicato da Hotelaria do Norte já protestou junto da empresa, mas esta, em lugar de corrigir a situação, marcou faltas injustificadas e ameaçou disciplinarmente e de despedimento a trabalhadora.
“O sindicato solicitou a intervenção urgente da ACT, contudo a situação mantém-se. A trabalhadora tem feito o percurso todo, mas arrisca-se a ficar em Braga”, acrescenta.
Notíca atualizada às 10h49.