Tiraram-lhe o estômago mas afinal não tinha cancro. Hospital de Braga refuta negligência

Foto: DR / Arquivo

Um homem, de 37 anos, acusa o Hospital de Braga de negligência após ter descoberto, depois lhe ter sido retirado o estômago, que afinal não tinha cancro.

A denúncia foi feita ao portal Notícias ao Minuto por um utente que veio de Angola para ser tratado em Portugal por causa do estômago, em 2023.

Segundo conta o paciente, quando se apresentou no Hospital de Braga para ser visto por um médico, foi “bem recebido” e realizou “uma bateria de exames médicos que nem sabia que existiam”.

Quando os resultados chegaram, os médicos disseram-lhe que tinha cancro no estômago e que tinham de lhe remover o órgão.

Contudo, passados alguns meses um médico do Hospital de Braga revelou-lhe que, afinal, não tinha cancro.

De acordo com a mesma fonte, o homem fez uma reclamação por escrito, porque, além de ter ficado sem estômago, diz que ficou com “perda de memória”, assim como “paralisia temporária nas mãos e pés”, entre outros sintomas.

O utente conta que a resposta que lhe deram foi, “simplesmente” que “os exames apontavam para cancro” foi operado “com base neles”.

Hospital diz que só depois de retirado o estômago foi possível confirmar que não se tratava de tumor

Num esclarecimento enviado ao Notícias ao Minuto, o Hospital de Braga explica que “o utente em causa foi diagnosticado, por profissionais médicos de outro país, com um tumor gástrico, em dezembro de 2022”.

Cerca de dois meses depois, em 02 de fevereiro de 2023, quando se dirigiu ao Serviço de Urgência de Braga, também tinha “sinais e sintomas que se podiam enquadrar nesse diagnóstico”.

Ainda de acordo com a unidade hospitalar bracarense, o homem apresentou o “resultado de uma endoscopia digestiva alta e de uma biópsia gástrica, realizadas em dezembro de 2022, que indicavam a presença” de um tumor gástrico.

No Serviço de Urgência do Hospital de Braga, o paciente realizou uma TAC abdominal que “mostrou aspetos suspeitos e passíveis de, efetivamente, se enquadrarem no diagnóstico de neoplasia maligna do estômago”. Ou seja, de ter cancro no estômago.

Tendo em conta os sinais, sintomas e resultados de exames, o utente foi referenciado, “de imediato” para a consulta externa de Cirurgia Geral, onde foi observado, cinco dias depois, em 07 de fevereiro.

Nesse dia, o paciente terá ainda feito “mais exames”, para tentar confirmar o diagnóstico de cancro. Estes últimos exames, contudo, seriam “negativos”, o que é assumido pelo próprio hospital.

“Não obstante os resultados daqueles meios complementares de diagnóstico terem sido discutidos em Consulta de Grupo Oncológico, perante um diagnóstico com aquela gravidade, apesar dos novos exames aparentarem ser negativos, não poderiam excluir, com certeza a existência de cancro gástrico, sendo que tal só seria possível através de análise de todo o estômago, após realização de cirurgia de resseção (gastrectomia), o que veio a concretizar-se no dia 22 de março de 2023, sem intercorrências”, esclarece o Hospital de Braga.

Assim, ainda de acordo com o hospital, só com a remoção do estômago foi possível concluir-se que, “felizmente, não se tratava de um tumor”.

O hospital descarta qualquer tipo de negligência, dado que vários exames indicavam a presença de cancro no estômago e todos os “procedimentos adotados pelos profissionais médicos do Hospital de Braga foram os adequados face ao risco inerente para o utente”.

Acrescenta ainda que o homem foi “informado e esclarecido” de todo o processo e que este foi avaliado e tratado desde o primeiro episódio “de acordo com as normas de consenso ESMO (European Society for Medical Oncology)”.

E conclui que o paciente foi tratado “num tempo de resposta considerado ótimo para este tipo de patologia”.

 
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