Têxtil de Barcelos em queda: “É preciso agir para evitar um desastre nas empresas e no emprego”

Exportações caíram 12% num ano
Foto: Pedro Gonçalo Costa / O MINHO / Arquivo

A Associação Comercial e Industrial de Barcelos (ACIB) alertou hoje para a queda das exportações no concelho de Barcelos. Na região do Cávado e Ave, importante ‘motor’ têxtil, Barcelos sofreu o maior ‘trambolhão’ entre 2023 e 2024. As exportações caíram 9% e, no setor têxtil, 12,2%.

De acordo a publicação “Indicadores de Conjuntura”, apresentado hoje pelo INE, o concelho de Braga cresceu 4,6%, enquanto as exportações no Cávado decresceram 0,7% e no Ave 3,4%.

A região Norte aporta 2.425 milhões de euros de superavit, dos quais 2.409 são provenientes da região Cávado/Ave.

“Uns enormes 99,4%, é esta a percentagem que o Cávado/Ave tem no total de superavit do Norte. Mesmo em contexto de decréscimo das exportações é esta a região que se apresenta como o motor económico do Norte e consequentemente do país”, refere a ACIB.

De acordo com a associação de Barcelos, a queda de 9% nas exportações no concelho – 12,2% no setor têxtil/vestuário – confirmam a “instabilidade a que a economia nacional e a regional se tem enfrentado durante o ano de 2024 e com possíveis sequências em 2025”.

“O cenário internacional não é positivo para o ano 2025”, frisa.

E acrescenta: “Deve-se destacar que a descida global de 9% no concelho de Barcelos é ainda muito mais grave quando se verifica que no setor têxtil/vestuário a descida foi de 12,2%; confirmando a recessão que se verificou neste setor e no concelho de Barcelos”.

Esta situação é, para o presidente da ACIB João Albuquerque, a “confirmação” daquilo que a associação está “há demasiados meses a chamar atenção”: “É preciso agir e apoiar este setor para evitar um desastre nas empresas e no emprego”.

“A ACIB tem insistido junto do Município de Barcelos na necessidade de se tomarem medidas concretas de apoio, incluindo um trabalho conjunto CMB-ACIB e um plano de investimentos com o apoio do município apoiando a capacitação empresarial, através de um protocolo de cooperação concreto”, diz.

A ACIB manifesta a “necessidade de uma intervenção integrada que ajude no apoio às empresas, principalmente quando as empresas do concelho de Barcelos contribuem anualmente de forma direta e indireta com mais de 15 milhões de euros para o orçamento municipal e com mais dezenas de milhões para o orçamento nacional”.

Uma queda “tão acentuada” nas exportações do têxtil/vestuário num concelho que depende em 70% desse mesmo setor “obriga à tomada de medidas concretas e de forma rápida, coordenada e em cooperação”.

No global, na região Cávado/Ave, as exportações de têxtil/vestuário desceram 6%.

“Um último dado de alerta para Barcelos e de felicitações para Viana do Castelo. As exportações do concelho de Viana do Castelo aumentaram 14,8% em 2024 e já ultrapassam as de Barcelos em 258 milhões de euros. Em 2023 estavam igualados. Uma diferença que se irá acentuar nos próximos anos face às políticas positivas implementadas pelo Município de Viana do Castelo”, lê-se no comunicado enviado às redações.

Neste contexto, João Albuquerque alerta para a “urgência de um plano regional que integre uma ação conjunta de vários municípios, do Governo e das Associações Empresariais facilitando meios para apoiar as empresas, promover os setores e a região, facilitar a capacidade exportadora e assegurar os postos de trabalho”

“Não há tempo a perder”, atira o presidente da ACIB.

 
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