Algumas das empresas têxteis portuguesas estão a olhar com atenção para o mercado canadiano, mas sem intenção de deixar cair o mercado norte-americano, mesmo com as tarifas impostas pela administração Trump.
Ricardo Siva, CEO da Tintex Textiles, empresa sediada em Cerveira, sublinhou recentemente, no programa Consulta Pública da Antena 1, que, apesar das novas barreiras alfandegárias, as empresas devem manter o foco nos Estados Unidos.
“O que estamos a sentir hoje em dia é alguma dúvida, alguma instabilidade nas comunicações com os clientes. Não tem havido uma queda de vendas específica por causa deste tópico”, afirmou, reforçando a necessidade de estabilizar as cadeias de valor e diversificar mercados sem abdicar de um parceiro “tão importante”.
Ricardo Silva alerta para o impacto indireto que a economia americana pode ter nos custos de produção, sobretudo em matérias-primas como o algodão e os químicos.
Consifex no Canadá
Paralelamente, várias empresas portuguesas, como a Consifex, de Barcelos, participam na Première Vision Montréal, a primeira edição da feira dedicada ao mercado têxtil e vestuário canadiano.
A gerente da Consifex, Adília Silva, em declarações ao jornal T, mostrou-se entusiasmada: “Estamos a levar em paralelo com o mercado americano. Tendo em conta as taxas alfandegárias anunciadas, achamos que este é o momento ideal para atacar o Canadá com força”.
A aposta no Canadá é encarada como uma alternativa complementar, com as empresas a adaptarem os seus produtos às especificidades do novo mercado, sem descurar a importância dos EUA, onde continuam a existir nichos fortes, como o têxtil-lar.
Esta presença no Canadá, apoiada pela ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal no âmbito do projeto Sustainable Textile & Apparel From Portugal, é vista como uma forma de explorar novos territórios sem esquecer a forte competitividade global do setor.