Testes negativos podem dar uma “falsa segurança”, diz diretora-geral da Saúde

Covid-19
Foto: Arquivo

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, alertou hoje que a realização de testes como medida isolada para minimizar o impacto do novo coronavírus pode levar a uma “falsa segurança”, nomeadamente na “questão muito delicada” dos lares de idosos.

“Essa medida sozinha, isoladamente fazer testes, não nos vai resolver o problema. Aliás, nenhuma medida isolada resolve o problema da covid-19”, afirmou a representante da Direção-Geral da Saúde (DGS) numa conferência de imprensa no Ministério da Saúde, em Lisboa, quando questionada sobre o anúncio concreto da Câmara Municipal da Maia, de que irá efetuar, a partir da próxima semana, testes de despiste da covid-19 a todos os idosos hospedados nos lares de terceira idade, públicos e privados, existentes naquele concelho.

Segundo a diretora-geral da Saúde, o teste serve para identificar precocemente um caso positivo, mas “não serve para descansar os casos que forem negativos”.

“Resultados negativos podem dar uma falsa segurança e podem fazer relaxar (…) e dentro dos lares e dentro de todos os sítios onde existam várias pessoas a conviver devem manter-se no dia-a-dia hábitos de distanciamento social durante semanas, durante meses”, referiu Graça Freitas.

E especificou que, no caso específico dos lares de idosos, “uma questão muito delicada”, existem medidas encaradas como fundamentais: distanciamento social, utilização de equipamento de proteção individual quando for necessário, isolar qualquer caso positivo, reforçar a limpeza dos objetos, das superfícies e das camas.

“E sobretudo distanciar os utentes, distanciar todos os dias os utentes, nunca pensar que um teste negativo está garantido para as semanas, para os dias seguintes”, frisou a diretora-geral, acrescentando: “Não fiquemos com uma falsa segurança que um teste negativo nos dispensa das atitudes que todos os dias todos temos de tomar (…) Todas estas medidas é que são a garantia de minimizar o impacto deste vírus”.

Também a ministra da Saúde, Marta Temido, destacou a “preocupação central” que representam as estruturas residenciais para idosos e a importância da eficácia da resposta destas unidades perante um possível caso suspeito de covid-19.

“É urgente que todos se preparem e respondam imediatamente perante um caso suspeito”, disse Marta Temido, na mesma conferência de imprensa, referindo o papel essencial que desempenham as direções técnicas destas estruturas residenciais, com a aplicação de planos de contingência e em coordenação com o plano das autoridades de saúde competentes.

Por exemplo, segundo enumerou a governante, estas direções devem garantir que as camas dos utentes estão a uma distância de 1,5 a 2 metros, que espaços comuns são utilizados por turnos em horários desencontrados, que a circulação dos utentes nos estabelecimentos é reduzida para minimizar o risco de transmissão e que qualquer pessoa com sintomas (tosse, febre, falta de ar) deve ser isolada e avaliada por um médico.

A organização de funcionários em equipas, sem contacto entre si, é também uma medida importante, indicou ainda a ministra da Saúde.

“Se não houver condições [para separar fisicamente casos confirmados de covid-19 em lares ou para as medidas de prevenção aconselhadas] tem de se encontrar espaços alternativos na comunidade”, afirmou ainda a ministra, reiterando o apelo para a participação de voluntários para ajudar os idosos.

“Não podemos deixar ninguém à sua sorte”, afirmou Marta Temido.

Segundo os dados mais recentes da Direção-Geral da Saúde (DGS), Portugal regista 119 óbitos associados à covid-19 e 5.962 pessoas infetadas.

Detetado em dezembro de 2019, na China, o novo coronavírus já infetou mais de 667 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 31.000.

Dos casos de infeção, pelo menos 134.700 são considerados curados.

 
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