Os nove chefes de equipa da Urgência do Hospital de Braga que se demitiram, foram pressionados pela falta de condições de atendimento aos utentes que se traduziram, nos últimos tempos, em sete a 12 horas de espera para os doentes serem atendidos.
Dois utentes devidamente identificados contaram a O MINHO que estiveram, recentemente, um deles, sete horas, na Urgência à espera, e outra 12 horas na Urgência de Ortopedia.
No primeiro caso, trata-se de um cidadão com mais de 80 anos, de nome José, que padece de doença cancerígena, e que, apesar de ter fortes dores, teve de ficar sentado sete horas a aguardar por uma consulta.
Na Ortopedia, e há cerca de uma semana, disse-nos uma utente de nome Ana, nem o serviço de triagem funcionava, sendo o ambiente na sala de espera de revolta com a situação: “cheguei às sete horas da tarde e fui atendida às sete horas da manhã do dia seguinte”, sublinhou, acentuando que eram várias as pessoas que manifestavam descontentamento e que a situação de “caos” era referida pelos próprios médicos.
Esta utente elogia os profissionais de saúde por ter constatado que, em alguns casos, estavam a trabalhar há 24 horas.
A situação, e ao que O MINHO soube, ter-se-á repetido, ainda ontem, no Serviço de Urgência.
Confrontada com estas queixas, fonte da administração do Hospital disse que “pontualmente pode haver tempos de espera mais elevados, nomeadamente porque os casos não-urgentes de pessoas que aparecem no Serviço representam uma percentagem elevada”.
Nesse sentido, o Hospital apela a que os utentes não procurem as «urgências» a não ser em caso de necessidade e quando orinetados nesse sentido pela linha Saúde 24 ou por um médico assistente”.
Reunião sem resultados
Durante o dia de hoje, a Administração reuniu-se com os médicos demissionários, mas o encontro terá sido inconclusivo. A mesma fonte disse apenas que “as conversações têm sempre um período de debate e reflexão sobre os temas em análise”, mas manifestou a esperança de que as partes “chegarão a bom porto”.
“O Conselho de Administração mantém-se empenhado na resolução célere desta situação, reiterando que os cuidados de saúde prestados aos doentes não se encontram comprometidos”, diz a fonte.