A candidatura de Braga a Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2027 tem como lema o de «Tempo de contemplação», que se divide em quatro pilares: empatia, deambulação, despertar e criação. E elencou já 50 projetos.
O dossier, que está neste momento a ser divulgado pelo presidente da Câmara, Ricardo Rio numa sessão no edifício gnration e pela equipa que gere o processo, elenca os desafios que o Município enfrenta em termos culturais, o primeiro dos quais é o da “reduzida massa crítica de criação artística de carácter contemporâneo; uma cultura independente e «underground» débil; um perfil predominantemente conservador (de pessoas e instituições); a escassez de espaços de trabalho para artistas e profissionais da cultura; e um setor cultural com falta de experiência em projetos internacionais.
A CEC diz que “no centro da Estratégia Cultural de Braga está o reconhecimento do direito de todos os cidadãos a desenvolver e exercer a sua criatividade e a construir carreiras artísticas, abraçando e promovendo as mais diversas expressões culturais e artísticas”.
“A nossa Estratégia visa a criação de mais oportunidades de aprendizagem e a promoção do acesso ao desenvolvimento profissional contínuo, tanto através do contacto com práticas internacionais como através da criação de redes, espaços e serviços de apoio para profissionais e não-profissionais”, escreve.
Cultura, inclusão e participação
Neste capítulo, o concelho enfrenta, ainda, vários outros desafios: baixos índices de iniciativas comunitárias e participação cívica; centro da cidade altamente “magnético” neutralizando dinâmicas culturais descentralizadas; baixa frequência de participação cultural diversificada”.
Para enfrentar estas lacunas, a Estratégia Cultural distingue os cidadãos permanentes e temporários como os principais agentes da vida cultural de Braga e reconhece o seu papel na tomada de decisões e na procura de diferentes caminhos para a cidade”.
“Um grande número de estudos tem demonstrado que o acesso e a participação em atividades artísticas e culturais são benéficos tanto para a saúde física como mental. Esta estratégia garantirá que residentes e visitantes tenham mais oportunidades de participação ativa e significativa em experiências culturais, promovendo um acesso descentralizado e inclusivo à oferta Cultura, conhecimento e economia”.
Cultura, conhecimento e economia
Nestas áreas, Braga enfrenta alguns outros desafios: economia cultural e criativa frágil; acesso limitado a financiamento, conhecimento especializado e mercados internacionais.
E diz o dossier: “Em resposta à crise da indústria tradicional no final do século XX, Braga conseguiu reinventar a sua estrutura económica e afirmar-se como um dos principais centros tecnológicos em Portugal, berço de novas empresas de alta e média tecnologia, numa proporção superior à média do país”. Assim, a Estratégia Cultural Braga 2030 aumentará as oportunidades de fortalecimento da economia criativa de Braga, promoverá a geração e disseminação do conhecimento associado ao Setor Cultural e Criativo (SCC), e proporcionará experiências memoráveis e autênticas aos profissionais criativos que visitam a cidade.
Cidade e paisagem
Aqui os desafios são: desequilíbrio do desenvolvimento urbano-rural; escassez de espaços verdes e zonas “de ritmo lento” no centro urbano. O ambiente natural e construído molda aquilo que somos e o que podemos alcançar. A nossa paisagem, o nosso património edificado, as ruas e praças, tradições e crenças, tudo se combina para formar a nossa identidade individual e coletiva.
Diz o projeto: “Faremos parcerias com comunidades, organizações e indivíduos, a nível local, nacional e europeu, para preservar e enriquecer estes aspetos que inspiram a nossa história coletiva, assegurando que todos eles possam contribuir para o desenvolvimento sustentável de Braga”.