A Diocese de Viana do Castelo informou hoje que o templo da Senhora da Peneda, Arcos de Valdevez, foi elevado a Santuário por decreto do bispo Anacleto Oliveira, quando se celebram oito séculos de devoção à santa.
Datado do século XVIII, o santuário da Senhora da Peneda, situado na freguesia de Gavieira, no concelho de Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, é constituído pela igreja que foi terminada em 1875, por um grande terreiro dos evangelistas e uma escadaria com cerca de 300 metros, sendo que nas suas laterais existem 20 capelas que retratam cenas da vida de Cristo, e ainda os quartéis.
No decreto assinado pelo bispo da diocese de Viana do Castelo, a que a Lusa teve hoje acesso, Anacleto Oliveira sustenta a elevação do templo a santuário com “o longo e enriquecedor percurso histórico e o valioso património espiritual, religioso e material, testemunho de assíduas e seculares peregrinações de fiéis e da profunda devoção e culto à Virgem Maria”.
Para a diocese, trata-se de “um dos monumentos marianos mais notáveis” do distrito de Viana do Castelo e, “pela sua antiguidade, dos mais venerados em todo o Alto Minho, estendendo-se o seu prestígio e influência à vizinha região autónoma da Galiza, em Espanha”.
“Todo o seu território vem sendo, a partir daquele recuado dia 05 de Agosto de 1220 (…), marcado por uma presença assídua de peregrinos, sendo assinalado pela construção de uma simples ermida edificada por sugestão da vidente aos habitantes da Gavieira, a partir da qual se foi criando uma dinâmica espiritual e devocional que se espelha na evolução das dimensões do próprio templo, ao longo dos séculos, na procura de uma resposta integral às carências dos peregrinos, com espaços de oração, de acolhimento, de apoio espiritual e material”, refere o decreto datado de 25 de março.
O reconhecimento como santuário diocesano é ainda justificado pela “relevância que se estendeu a nível nacional e até internacional” do templo, sendo destacado o “fluxo de peregrinos que tem sido contínuo e ininterrupto ao longo de oito séculos, marcando de uma forma especial não só a devoção e a espiritualidade mariana do povo nortenho, mas também o próprio calendário e a organização da vida das populações, nomeadamente no início de setembro”.
Anacleto Oliveira sublinha também “as potencialidades que este património religioso, pela sua estrutura, dimensão e infraestruturas, proporciona em ordem a uma pastoral mais dinâmica com relevo para as camadas jovens”.
Já este mês, a Câmara de Arcos de Valdevez iniciou o processo de classificação nacional do Santuário. Na altura, em declarações à Lusa, o presidente da autarquia estimou para, num prazo de três a seis meses, formalizar o pedido de abertura de processo de classificação nacional junto do Ministério da Cultura, nomeadamente Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e Direção Geral do Património Cultural (DGPC).
“Esta classificação é muito importante não só para o concelho de Arcos de Valdevez, como para toda a região, incluído a Galiza. O santuário de Nossa Senhora da Peneda é um dos grandes santuários marianos do Alto Minho, do Minho e da zona da Galiza”, afirmou, na ocasião, o autarca social-democrata João Manuel Esteves.
Adiantou que o objetivo da classificação passa por “valorizar todo o património, constituído pelo santuário, a escadaria, as capelas e a zona dos quartéis, dois edifícios situados na envolvente que antigamente serviam de alojamento, dar-lhe visibilidade e aumentar a atração de turistas”.
“Por outro lado, com a classificação podermos aceder a outro tipo de apoios para fazer obras de recuperação “, explicou.
João Manuel Esteves acrescentou que “o edifício do santuário precisa de sofrer algumas obras de beneficiação, bem como a zona dos antigos quartéis, para ser aproveitado, do ponto de vista do turismo religioso, nomeadamente, para os Caminhos de Santiago de Compostela, na Galiza”.
O município já adjudicou um estudo de caracterização e inventariação daquele templo, que “terá na sua génese o desenvolvimento de um levantamento histórico do santuário da Nossa Senhora da Peneda, a identificação do património imóvel e móvel, considerando o recheio artístico presente”.