Tem 22 anos, é de Ponte de Lima, e já é chef num dos melhores restaurantes do mundo

João Pedro Coelho venceu o prestigiado prémio suíço Joseph Favre

João Pedro Coelho, de 22 anos, venceu recentemente um dos mais importantes concursos gastronómicos na Suíça, isto depois de, aos 17, ter sido considerado o mais promissor jovem chef português.

Natural de Fornelos, em Ponte de Lima, lançou-se à aventura para trabalhar no Le Restaurant de l’Hôtel de Ville de Crissier, na Suíça, a poucos quilómetros de Lausana e da fronteira francesa – um restaurante com três estrelas Michelin considerado pelo guia como o segundo melhor do mundo, depois de ter liderado esse estatuto em 2016.

A O MINHO, João Pedro revela que a vitória recente no concurso Grand Prix Joseph Favre, onde, em conjunto com um camarada da cozinha, apresentou três pratos (peixe do lago Leman, borrego com abóbora e pêra com aguardente), é muito importante para o ainda curto (mas já muito premiado) currículo.

Equipa de João Pedro, composta por dois elementos, foi a vencedora do Joseph Favre de 2022. Foto: DR

Há cerca de dois anos na Suíça, depois de ter passado por um estágio num restaurante com estrela Michelin na Hungria (Budapeste), João Pedro conta que iniciou-se na lida na Escola Profissional de Ponte de Lima.

Logo no primeiro ano de curso, participou num concurso de cozinha, com três outros colegas, e terminou em segundo lugar a nível nacional. Em 2018 venceu o prémio de jovens talentos da gastronomia em Portugal, antes de rumar à Hungria para, no seu terceiro ano de curso, realizar o estágio profissional.

Antes da ida para a Suíça, ainda passou pela cozinha do Vidago Palace Hotel, em Chaves, durante cerca de ano e meio, mas a vontade em partir à aventura e desenvolver as competências profissionais levou-o até àquela que é hoje a sua casa, e onde já chefia um departamento de cozinha.

“Eu é que vim à procura, porque este é o meu estilo de cozinha, e é o restaurante que se identifica mais comigo”, explica a O MINHO, revelando ter começado “do zero” e que, neste momento, para além de cozinheiro, é “chefe de partida”.

João Pedro com a chef Lígia Santos, na Feira do Porco de Ponte de Lima, em 2017. Foto: DR

“Dentro da cozinha há cinco pessoas com responsabilidade para gerir cada posto, porque existem os postos das entradas, dos peixes, da carne, das guarnições, e dentro de cada um desses postos há uma pessoa responsável, e eu sou uma delas”, salientou.

Sobre o interesse na gastronomia, João Pedro Coelho revela sempre ter tido interesse: “Não sei porquê, mas sempre me despertou curiosidade e é algo que realmente gosto de fazer”.

E não deixa de lado o facto de ser minhoto poder ter ajudado a seguir esta carreira. “É claro que em Ponte de Lima somos habituados a comer super bem e temos algum poder na gastronomia nacional e isso até pode ter incentivado o meu percurso”, embora seja um estilo “diferente”.

“Aqui é um estilo totalmente diferente, é uma cozinha francesa, onde também utilizamos produtos da região, que são produzidos à nossa volta, ou seja, produtos frescos e locais, mas o tipo de culinária é muito diferente da minhota”, considerou.

Quando João Pedro trabalhava no Hotel Vidago. Foto: DR

Sobre o concurso, onde esteve durante seis horas a cozinhar, realça ser “muito importante para o currículo. “Todos os prémios são importantes quando ganhamos, e aqui são muito bem vistos. Este em particular é muito importante para os cozinheiros, pois passamos a ser vistos de outra forma e elevam o nosso nome na gastronomia mundial”, disse.

Sem data marcada para regressar a Portugal, tem a companhia da namorada, que também trabalha no mesmo restaurante. Já a família ficou em Ponte de Lima, algo que nem sempre é fácil de lidar, mas que João Pedro sabe ser necessário para chegar onde pretende. E deixa esse mesmo conselho aos jovens que atualmente estudam nos muitos cursos de gastronomia e hotelaria do nosso país.

João e a namorada. Foto: DR

“Devem ter força de vontade, querer, porque apesar de em Portugal onde ainda não existirem restaurantes com três estrelas Michelin, acho que quem tiver vontade chegar a estes patamares, deve sair, e é basicamente isso: vontade e ter a coragem de sair do conforto e ir à procura dos objetivos”, concluiu.

 
Total
0
Partilhas
Artigos Relacionados