Fabiana Rocha, de Viana do Castelo, dá a cara pelo movimento que pretende ver reabertos os estúdios de tatuagens e body piercing (ver aqui), não incluídos pelo Governo neste último lote de comércio com autorização de abertura a partir desta segunda-feira, durante o Estado de Calamidade.
Após consulta do decreto governamental, é possível aferir que este tipo de estúdios não são mencionados entre os que abrem até 01 de junho, ficando assim com abertura proibida a termo incerto.
A tatuadora, com estúdio na freguesia de Darque, lamenta o “esquecimento” ou o “preconceito” a que os colegas de profissão dizem estar vetados, quando o Conselho de Ministro decidiu catalogar os estúdios ao mesmo nível de um spa ou de um local de termas. Publicou ainda um vídeo nas redes sociais que conta com cerca de 20 mil visualizações (ver aqui).
“Nos estúdios de tatuagem já eram cumpridas todas as normas de higienização que os restantes estabelecimentos estão agora a adotar”, disse a profissional a O MINHO, acrescentando que “apenas será necessário colocar acrílicos de proteção e o uso de viseiras”.
“Temos as lojas fechadas e temos de pagar tudo como se estivessem abertas. Temos a nossa vida privada, pagámos renda ou empréstimo de casa, muitos de nós têm filhos, vamos viver de quê? Deixem-nos trabalhar, estamos desesperados”, alerta.
Fabiana confessa que houve já a necessidade de desfazer de bens para poder continuar a pagar a renda da sua loja, e que isso é transversal a vários colegas que vão erguendo a voz através de grupos nas redes sociais
“Lançámos um manifesto, por entre os 600 tatuadores profissionais do país, mas só na Madeira é que obtivemos autorização para trabalhar, enquanto que no continente continuámos proibidos”, acrescenta.
“O que vamos fazer agora? Estar sentado no sofá a ver a nossa família a passar fome? Obrigado por se esquecerem de uma mera profissão. Embora 600, pagámos todos impostos”, conclui.
A tatuadora pede ainda a todos os clientes para que façam vídeos a pedir a abertura das lojas, enviando para o grupo de Facebook do manifesto.
Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.
Na lista de serviços que continuam fechados por termo incerto estão incluídas termas municipais, spas, piscinas, casinos ou bingos. Não há qualquer referência a estúdios de tatuagens ou body piercing.
Esta nova fase de combate à covid-19 prevê o confinamento obrigatório para pessoas doentes e em vigilância ativa, o dever geral de recolhimento domiciliário e o uso obrigatório de máscaras ou viseiras em transportes públicos, serviços de atendimento ao público, escolas e estabelecimentos comerciais.
O Governo aprovou na sexta-feira novas medidas que entram hoje em vigor, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.