João Afonso Vieira, 27 anos, natural de Ponte de Lima, tatuador de profissão, em Viana do Castelo, onde reside, “zero conotações políticas”. Assim se apresenta o ilustrador que esta semana traçou o seu sentimento sobre as eleições presidenciais no Brasil, cuja segunda volta se realiza este domingo e nas quais o candidato conotado com a extrema-direita, Jair Bolsonaro, é apontado pelas sondagens como futuro presidente do país.
“A necessidade da criação do cartoon (sendo este uma adaptação de uma ilustração alusiva à cultura punk, desconheço o autor), surgiu pela preocupação da atual ascensão da extrema-direita, não só no Brasil, mas a nível global, com uma onda xenófoba, populista e discriminatória, baseada em propagandas de informação selecionada, tentando calar a comunicação social independente, tornando a verdade dos factos irrelevante para a “opinião-pública” e moldando assim democracias em “neo-ditaduras””, afirma João Vieira.
“Crendo que a Humanidade (e não só o povo brasileiro) tenha aprendido com os erros de um passado recente, mantenho a esperança de que a democracia e a liberdade continuem de mãos dadas, e que saibamos todos dar uma resposta à altura, enquanto ainda nos é permitido”, acrescenta.
Em jogo nesta segunda volta das presidenciais brasileiras estão o candidato do Partido Social Liberal (PSL, extrema-direita) Jair Bolsonaro, que lidera as últimas sondagens, e o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), Fernando Haddad.
Em Portugal estão aptos a votar cerca de 40 mil brasileiros (39.118), segundo dados do consulado do Brasil na capital portuguesa.
No total, são quase mais 10 mil recenseados do que em 2014.
As urnas em todos os locais de voto em Portugal abrem às 08:00 e encerram às 17:00.
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O cônsul do Brasil em Lisboa pediu à PSP uma “presença mais contínua” junto à Faculdade de Direito de Lisboa no próximo domingo, local de votação na capital portuguesa, para a segunda volta das presidenciais brasileiras.
“Como medida acautelatória, entrei em contacto com a Polícia de Segurança Pública e pedi que eles colocassem a hipótese de, no segundo turno, haver uma presença mais contínua, se possível permanente na frente da Faculdade”, onde votarão os imigrantes brasileiros da área consular de Lisboa, afirmou, em entrevista à Lusa, o diplomata.
Para José Roberto de Almeida Pinto, “se há um ambiente de polarização numa eleição é preferível, que, por precaução, e se for possível, se conte com uma presença mais continua da PSP”, sublinhou.
Roberto Almeida Pinto acha, porém, que “os brasileiros saberão votar com espírito cívico, como sempre fizeram”. E o próximo domingo, dia 28, data em que se realiza a segunda volta das eleições presidenciais brasileiras, será, diz, “mais um dia de festa da democracia brasileira”.
Quanto a segurança, os brasileiros não terão problemas, assegura.
“Há uma dupla segurança. Fora do edifício, temos a atuação da Polícia de Segurança Pública, para manutenção da ordem de acordo com a legislação e procedimentos portugueses. Dentro do prédio da Faculdade de Direito de Lisboa, onde se exerce o voto, contamos com uma segurança privada, contratada pelo consulado e não armada, como determinado pela lei eleitoral brasileira”.
Aliás, o cônsul aproveitou para agradecer o contributo “inestimável”, quer da PSP quer a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa para a realização das eleições em Lisboa.
Aos eleitores deixa um apelo para o próximo domingo: “Compareçam para exercer o seu direito e cumprirem o seu dever de voto, (para aqueles que tem entre 18 e 70 anos idades entre as quais o voto é obrigatório no Brasil) e, por favor, não se esqueçam de levar um documento oficial com a fotografia, indispensável para o exercício do voto”.
Pela parte do consulado garante: “está tudo preparado e esperamos os brasileiros nesse dia de grande importância para a democracia brasileira”.
Na primeira volta das eleições presidenciais em Lisboa houve uma participação de quase 35% dos eleitores (34,9%), segundo o cônsul geral do Brasil em Lisboa.
Ou seja, apesar de ficar aquém do desejável, como admite o diplomata, “foi a maior participação registada e também a maior participação em números absolutos. Até porque, como se sabe, o número de eleitores [em Lisboa] cresceu”.
Quanto à possibilidade de criar mais locais de voto para garantir a proximidade aos eleitores e maior participação, Roberto Almeida Pinto responde que “a operação eleitoral tem custos muito elevados e é muito complicada. Em Portugal já existem três lugares de votação, Lisboa, Porto e Faro. A abertura de outros locais de votação existe em países como os Estados Unidos ou a Austrália, com uma extensão territorial muito grande”.
A montagem da operação eleitoral para as primeira e segunda volta destas eleições presidenciais em Lisboa, com um só local de votação, na Faculdade de Direito de Lisboa, custou, segundo o diplomata, 14 400 euros.
Além do custo financeiro, a abertura de outro locais de voto, implicaria também custos de segurança, sobretudo quando se coloca a questão do transporte de urnas eletrónicas, explicou.
Dos 40 mil brasileiros que podem votar em Portugal, mais de metade (21.195) vota em Lisboa.
Na Faculdade de Direito de Lisboa, na Alameda Universitária, único local de votação nesta área consular, vão estar disponíveis 27 secções eleitorais, tal como na primeira volta.
Em 2014, na jurisdição eleitoral do consulado-geral em Lisboa, estavam recenseados 17.286 eleitores.