O presidente da Câmara de Esposende garante que não há qualquer “registo ou informação acerca de problemas de qualidade de água ou qualquer episódio de doença” a ela associado, após uma notícia de que praticantes de surf e kitesurf estariam a ser acometidos por gastroentrites. Benjamim Pereira diz esperar que não haja “nenhuma agenda por detrás destas ‘pseudonotícias’ no sentido de afastar as pessoas de Esposende” e ameaça avançar judicialmente contra o site que publicou a informação.
O portal especializado Surftotal noticiou que “nos últimos dois meses várias pessoas têm ficado com gastroenterite após a prática de desportos aquáticos na zona de Esposende”.
A mesma fonte afirma ter contactado “praticantes de kitesurf que usam o rio para a prática da modalidade em Esposende, que informaram que, pela primeira vez em vários anos, têm sentido cheiros nauseabundos vindo da foz do rio Cávado”.
A notícia citava ainda “alguns proprietários de surfcamps”, segundo os quais “vários alunos têm ficado doentes após entrarem no mar, não se tratando apenas de um caso isolado, mas sim de uma situação que já conta com diversos lesados”.
Ainda de acordo com a mesma fonte, “as queixas começaram no início do mês de abril e prolongam-se até hoje [terça-feira], 28 de maio”.
Associação “manifestou preocupação” à ministra do Ambiente
No dia seguinte, a Associação Cidadãos de Esposende, em comunicado enviado às redações, afirmava ter recebido “alguns relatos” de “praticantes de desportos aquáticos com gastroenterite”.
A associação salientava que “o alerta sobre uma possível contaminação já tinha sido dado pela plataforma Surftotal“.
“A Associação Cidadãos de Esposende entrou em contacto com os responsáveis da plataforma que confirmaram os relatos, acrescentando que alguns casos foram inclusive reportados por escolas de surf”, acrescenta o comunicado.
E conclui: “Perante esta situação, a Associação Cidadãos de Esposende já manifestou junto da ministra do Ambiente e Energia a sua preocupação na expectativa que seja realizada uma avaliação profunda da qualidade da água na foz do rio Cávado”.
Os responsáveis da associação consideravam ser “urgente entender se estamos perante uma situação pontual ou recorrente”.
“Todas as empresas ligadas ao surf e kitesurf negaram categoricamente qualquer registo de praticantes com gastroentrites”
Já ontem, o presidente da Câmara de Esposende recorreu às redes sociais para esclarecer que, após ter tido conhecimento da notícia do Surftotal, “o município contactou de imediato as autoridades, nomeadamente Agência Portuguesa do Ambiente e Autoridade Local de Saúde e verificou que não existe qualquer registo ou informação acerca de problemas de qualidade da água ou de qualquer episódio de doença a ela associadas”.
“De igual modo contactou todas as empresas ligadas ao surf e kitesurf que negaram categoricamente qualquer registo de praticantes com problemas de gastroenterites, desmentindo o que é dito pela publicação acima referida. Também a associação de pescadores vem reafirmar, face à experiência e ao contacto permanente com as águas do rio e do mar, não ter qualquer evidência do facto relatado. Por fim, foram contactados os dois clubes de canoagem, nomeadamente o Gemeses e o CN Fão, que têm diariamente dezenas de atletas no rio, e que também se mostraram surpreendidos pela notícia, não tendo detetado qualquer problema”, vinca Benjamim Pereira.
O autarca acrescenta que, “de qualquer modo, agindo de forma totalmente responsável, o município pediu análises à água para despistar definitivamente a situação, resultados que terá em breve e dos quais dará conhecimento”.
“Ato de enorme irresponsabilidade”
Depois, Benjamim Pereira ataca a forma como a informação foi veiculada: “Não posso deixar de repudiar e lamentar a forma amadora e inqualificável como um site que pretende informar de forma fiável os praticantes destas modalidades, publica uma pretensa ‘notícia’ sem qualquer fundamento e sem questionar pelo menos as autoridades que tutelam esta área, nomeadamente as acima referidas e o município de Esposende. Se quisessem mesmo saber a verdade e não serem sensacionalistas, seria isso que teriam feito”.
“Destarte, os prejuízos causados à imagem do município, assim como a todos aqueles que esperam pela abertura da época balnear para desenvolver a sua atividade comercial, mas também às entidades que promovem essas modalidades, nomeadamente o Surf e o Kitesurf, são enormes e irreparáveis. Acresce a imagem associada à publicação, claramente desproporcionada, numa tentativa de impactar os leitores, denegrindo ainda mais o nosso concelho e o destino balnear de Esposende”, acrescenta.
Benjamim Pereira considera que “é um ato de enorme irresponsabilidade associar um ou outro caso relatado de gastroenterites com as águas balneares que, a ter existido, sabemos todos nós, pode ter outra origem qualquer”.
“Esperando que não haja nenhuma agenda por detrás destas ‘pseudonotícias’ no sentido de afastar as pessoas de Esposende para outros destinos, o município agirá em conformidade, solicitando um desmentido público que, a não acontecer, levará a uma eventual queixa às autoridades competentes”, pode ler-se no texto partilhado na sua página de Facebook.
O autarca diz que “não pode valer tudo” e não permitirá “que enxovalhem e denigram” o concelho de Esposende.
“O município de Esposende foi um dos que mais investiu em tratamento de efluentes nas últimas décadas, recordando a intervenção recente nas duas ETAR (Marinhas e Gandra) de cerca de 10 milhões de euros. Exige-se, no mínimo, mais profissionalismo no tratamento da informação e na forma como se confirmam as fontes”, conclui o presidente da Câmara.