Segundo a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), o supercomputador Deucalion está a ser instalado num edifício da Universidade do Minho (UMinho), no campus de Azurém, em Guimarães. O equipamento, com uma massa de 26 toneladas, está em fase de testes e, de acordo com a FCT, deverá entrar em funcionamento em julho deste ano. Inicialmente, previa-se que o Deucalion fosse instalado no Avepark, onde a Câmara Municipal de Guimarães adquiriu um edifício, anteriormente ocupado pela Farfetch para o efeito.
O investimento para a instalação do Deucalion é de 20 milhões, em que 35% do financiamento provém da União Europeia e os restantes 65% do orçamento da FCT. O equipamento ficará a cargo do MACC – Minho Advanced Computing Centre da UMinho, “mas, independentemente da sua localização servirá a comunidade científica em geral”, garante um professor da Escola de Engenharia da UMinho.
Quando se soube da vinda do supercomputador para Portugal, em 2020, a Câmara Municipal de Guimarães procurou trazê-lo para o Avepark. Para esse efeito, celebrou um protocolo com a FCT e a Universidade do Minho. Nesse documento, o Município comprometia-se a adquirir um edifício, anteriormente ocupado pela Farfetch e a cedê-lo, juntamente com outro lote de terreno, já propriedade da Câmara, à FCT que por sua vez os cederia à UMinho.
Câmara de Guimarães cumpriu a sua parte do acordo
A Câmara de Guimarães cumpriu a sua parte do acordo adquirindo o edifício, que estava no mercado por aproximadamente dois milhões de euros e cedeu-o juntamente com o lote de que já era proprietária à FCT. Em 2021, a FCT anunciou que o supercomputador ficaria operacional no início de 2022, contudo, chegados a 2023 o equipamento ainda está em instalação. Segundo a FCT, “o data center inicialmente previsto para acolher o computador não ficou disponível a tempo de se implementar o projeto, levando à necessidade de determinar um novo edifício para acolher o Deucalion”. A FCT justifica-se ainda com os “atrasos no fornecimento de equipamento, resultantes das perturbações das cadeias de fornecimento que atualmente se verificam.”
Grande consumidor de energia que pode já não ser de fontes renováveis
O Deucalion é capaz de efetuar 10 milhões de biliões de cálculos por segundo, tem uma massa de aproximadamente 26 toneladas e uma dissipação de 1,7 Mega Watts de potência elétrica. Como explica um professor da Escola de Engenharia da UMinho, “isto implica um gasto massivo de energia que obriga a criação de um posto de transformação só para ele”. A instalação do Deucalion no Avepark previa a criação de uma comunidade de energia renovável que apoiaria a operação. “A descarbonização do Deucalion será promovida através do Fundo de Apoio à Inovação e do Fundo de Eficiência Energética, estabelecendo assim um exemplo para supercomputadores e data centers do futuro”, afirmava a FCT, em fevereiro de 2021.
A FCT não esclareceu se o Deucalion fica definitivamente nas instalações do campus de Azurém e de que forma é que esta mudança de instalações afeta a desejada alimentação do equipamento com energias renováveis. Questionada, a Universidade do Minho não esclareceu se pretende dar outro destino ao edifício que o Município cedeu para a instalação do supercomputador.
O presidente da Câmara de Guimarães, Domingos Bragança, recentemente confrontado com o atraso na instalação do Deucalion, pelo vereador do PSD, Hugo Ribeiro, procurou desvalorizar a questão. Para Domingos Bragança, “o importante é que a supercomputação fica em Guimarães”. Relativamente ao edifício, o autarca diz que tem outros destinos para ele, caso de a FCT e a UMinho não o venham a usar.