Depois de 67 dias no mar, o submarino ‘Tridente’ regressou hoje a Portugal, com o ministro da Defesa a saudar a guarnição, composta por 33 militares, por ter reforçado a “parceria estratégica entre a NATO e a UE”.
“O vosso trabalho consolida a inserção de Portugal numa sólida rede de alianças, defende e afirma a credibilidade externa do Estado, e contribui para a promoção da paz e da segurança internacional”, afirmou João Gomes Cravinho.
De regresso à Base Naval do Alfeite, em Almada, de onde tinha ‘zarpado’ a 15 de junho para participar na operação “Sea Guardian”, da NATO, e na operação IRINI, da União Europeia (UE), os 67 dias no mar permitiram ao submarino Tridente “garantir um ambiente seguro no mar” e assegurar que as vias marítimas se mantêm “desimpedidas, desocupadas e seguras”, assim como “reduzir o tráfico imigrante ilegal” e de estupefacientes, segundo o comandante do submarino, Ribeiro da Paz.
“Posso afirmar que a missão foi concluída com sucesso, estou bastante satisfeito com os objetivos atingidos e com o desempenho do Tridente”, afirmou o capitão-tenente em declarações aos jornalistas.
Reconhecendo que o trabalho simultâneo para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) e para a União Europeia (UE) requer “mais trabalho”, sobretudo para uma “guarnição reduzida” como a do Tridente onde as “pessoas começam a ficar desgastadas” devido às condições de vida debaixo do mar, Ribeiro da Paz avança, no entanto, que tudo estava “bem planeado” e “estruturado” para permitir a fluidez no trabalho com as duas organizações.
“Sabemos quais é que são as tarefas de uma missão e de outra missão. (…) Obviamente dá trabalho, porque para uma missão é só um relatório, para duas missões são dois relatórios. Mas nós fazemos, e fazemos com muito gosto. Temos de ter aqui algum jogo de cintura, alguma ginástica, muita resiliência e muita dedicação”, apontou.
Do seu lado, Gomes Cravinho considerou que o trabalho simultâneo com a NATO e a UE tornou a missão do submarino Tridente “muito importante” para Portugal, porque ajudou a que “as duas organizações saibam trabalhar juntas em áreas de interesse convergente”.
“Esta missão (…) teve cerca de sete mil contactos, dos quais 1900 chamados contactos de interesse – poderão ser objeto de pirataria, tráfico de humanos ou outro tipo de pontos de interesse – e o que é muito importante aqui é que, muitas vezes, os contatos não sabem sequer que estão a ser observados. Portanto, permite um conhecimento situacional marítimo profundo que é aproveitado pela NATO, é aproveitado pela UE”, afirmou o ministro aos jornalistas.
Dirigindo-se à guarnição, Gomes Cravinho reconheceu o “ónus elevado em termos pessoais e familiares” que missões como a do Tridente representam para os seus tripulantes, e agradeceu a “solidariedade, o esforço individual e coletivo” desempenhado.
“Mais uma vez, souberam honrar a herança nobre da Marinha Portuguesa, em interação com os nossos parceiros e aliados, e com isso reforçaram a parceria estratégica entre a NATO e a UE”, frisou.
Um dos tripulantes, o tenente Correia Rodrigues, que foi chefe de serviço de navegação durante os mais de dois meses da missão do submarino, reconhece que viver debaixo do mar é um “desafio”.
Missão cumprida para o submarino Tridente
Regressou esta tarde à Base Naval de Lisboa o NRP Tridente após 67 dias de missão na Operação Sea Guardian da NATO e, em simultâneo, na Operação Irini da União Europeia (UE), onde foram efetuadas mais de 1.300 horas de
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— Marinha (@MarinhaPT) August 20, 2021
“Nós temos que ganhar grandes amizades dentro do submarino para nos apoiarmos uns aos outros. Como estamos todos na mesma situação, vamo-nos apoiando, vamos contando histórias do que se passa em casa. (…) E cada dia é um dia, quando entramos na rotina vai passando com mais tranquilidade”, salientou.
Sem poder falar com os familiares durante a duração da missão por não haver rede no submarino – a não ser quando se faziam paragens logísticas para se abastecer o navio -, Correia Rodrigues, que se casa daqui a um mês, prepara-se agora para saber como é que estão os preparativos para o seu casamento.
“Vou-me casar daqui a um mês e a minha noiva esteve a tratar do casamento. Vou agora descobrir como é que [o casamento] está – espero que esteja tudo bem – e vou agora apoiá-la no decorrer do processo”, frisou.