Quase sete anos e meio depois, o Sporting impôs-se ao FC Porto para a I Liga de futebol (2-0), valendo-se hoje da potência do ‘inevitável’ Viktor Gyökeres, que ajudou a catapultar os ‘leões’ para a liderança isolada.
Na partida que fechou a 14.ª jornada, o avançado sueco inaugurou o marcador aos 11 minutos, assinando o 10.º golo no campeonato (e 17.º em todas as competições), e assistiu Pedro Gonçalves para o segundo, aos 60, já depois de Pepe ter sido expulso, aos 51, com vermelho direto, deixando os ‘dragões’ reduzidos a 10 durante quase toda a segunda parte.
Este triunfo colocou fim a um hiato dos ‘leões’ em clássicos com o FC Porto para o campeonato, em que não venciam há 13 encontros, desde 28 de agosto de 2016, quando bateram os ‘azuis e brancos’ por 2-1, com golos de Slimani e Gelson Martins, então sob o comando de Jorge Jesus.
Depois de ter visto o Benfica agarrar-se provisoriamente à liderança no domingo, a formação de Alvalade escalou novamente até ao topo, agora a ‘solo’, com 34 pontos, mais um do que os ‘encarnados’ (33) e mais três face aos portistas (31), agora terceiros, à frente do SC Braga (29), quarto.
Privado da experiência e liderança do capitão Coates (33 anos), com problemas físicos de última hora, Rúben Amorim resgatou para o ‘onze’ o jovem Eduardo Quaresma (21), titular pela primeira vez esta época e logo num clássico, reforçando a juventude que já ‘mandava’ no centro defensivo, com Diomande (20) e Gonçalo Inácio (22).
Por outro lado, Amorim preferiu a imprevisibilidade de Geny Catamo à regularidade de Ricardo Esgaio, apresentando uma ala direita perita em desequilibrar, tendo em conta que o moçambicano se juntou ao ‘esquivo’ Marcus Edwards.
Já os ‘dragões’ surgiram em Alvalade sem alterações de monta, mas desde logo com a inclusão de Pepe. O central tinha deixado em sobressalto as hostes ‘azuis e brancas’ no final da partida europeia com o Shakhtar Donetsk, mas subiu ao relvado ‘leonino’ para capitanear a formação portista, que contou ainda com os regressos de Zé Pedro e João Mário.
Foi precisamente do lado direito sportinguista que começaram a surgir os problemas para o FC Porto, perante a velocidade e drible de Geny e Edwards, dois jogadores com fisionomias e estilos muito semelhantes, aliados à potência do ‘inevitável’ Gyökeres, que, sozinho, empurra qualquer linha defensiva uns bons metros para trás e permite que os companheiros tenham espaço para receber entrelinhas e livres de oposição.
Seria precisamente o nórdico a emergir – mais uma vez – e a abrir o marcador, bem ao seu estilo e num movimento característico: recebeu a bola na meia esquerda dentro da área portista e, depois, foi a ‘robustez’ sueca a prevalecer e a colocar a nu algumas fragilidades que Pepe já vai denotando, antes de bater Diogo Costa.
Depois de já ter ‘faturado’ no Estádio da Luz, frente ao Benfica, o avançado voltou a deixar marca perante outro rival, sendo o expoente máximo ‘verde e branco’ numa primeira parte controlada pela formação de Rúben Amorim, que raramente ia permitindo veleidades aos visitantes.
Se dúvidas houvesse quanto à capacidade de reação de Eduardo Quaresma num clássico, o jovem central foi incisivo na resposta, não só dominando as ações de Galeno, como ainda auxiliando Diomandé e Inácio no controlo do quarteto ofensivo portista, em que Taremi era uma ‘sombra’, Pepê não conseguia desequilibrar e Evanilson era ‘engolido’ pelos defensores ‘leoninos’, apoiados por Hjulmand.
De resto, o próprio Quaresma esteve na origem de um lance muito contestado pelo Sporting em cima do intervalo, quando se antecipou a Galeno, ganhou no duelo com Varela e, depois, ainda arrancou um cruzamento para o golo de Gyökeres, que foi anulado pelo árbitro por pretensa falta do defesa ‘verde e branco’ sobre o médio portista.
Foi já na compensação que o FC Porto colocou em perigo a vantagem do Sporting e só não empatou porque Adán ergueu-se como uma ‘parede’ e, com uma defesa ‘à andebol’, com o pé, evitou que o cabeceamento de Galeno seguisse para o fundo da baliza.
O lance poderia fazer antever um FC Porto mais afoito na segunda parte e, os primeiros minutos, mostraram um ‘dragão’ mais agressivo na pressão, só que logo sofreu um duro revés, quando Pepe consumou uma exibição para esquecer e viu o vermelho direto, deixando os ‘azuis e brancos’ reduzidos a 10 pelo terceiro clássico seguido esta época, após os duelos com o Benfica, na Supertaça (o próprio Pepe foi expulso) e no campeonato (Fábio Cardoso viu vermelho).
Sem o capitão, os portistas começaram a ‘afundar’ logo de seguida, primeiro com Diogo Costa a evitar o tento de Edwards e, depois, com Geny a ‘partir os rins’ a Eustáquio e a lançar para a velocidade de Gyökeres que, no momento certo, ajudou Pedro Gonçalves a fazer um dos golos mais fáceis da carreira.
O mesmo Pedro Gonçalves teve tudo para aumentar a vantagem pouco depois, mas demorou demasiado para rematar e viu Diogo Costa bloquear-lhe a tentativa, o mesmo sucedendo logo na resposta do FC Porto, em que Evanilson encontrou uma nesga de espaço para escapar à defensiva ‘leonina’, mas também foi incapaz de ultrapassar Adán.
Este seria quase o ‘canto do cisne’ da equipa comandada por Sérgio Conceição, que ainda arriscou o que podia, tirando João Mário e Zaidu, reagrupando a defesa com Fábio Cardoso e lançando o ‘irreverente’ Francisco Conceição.
Contudo, seria o Sporting a dispor de nova situação clara e, mais uma vez, com os mesmos intervenientes e o mesmo desfecho: Gyökeres – incansável do primeiro ao último minuto – arrancou que nem uma ‘flecha’, deixou Pedro Gonçalves na cara de Diogo Costa, mas o guardião portista venceu o duelo entre internacionais lusos.