Declarações após o encontro Gil Vicente-Santa Clara (1-0), da 20.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol:
– Ricardo Soares (treinador do Gil Vicente): “Foi uma vitória justa. Não entrámos bem no jogo, fruto das circunstâncias. Temos de enquadrar o jogo na classificação e na espiral negativa de que vínhamos. O Santa Clara é uma equipa organizada, que está a fazer um excelente campeonato. E entrou melhor. Ao longo da primeira parte, fomos crescendo no jogo, com o Santa Clara a manter-se por cima em alguns momentos.
Na segunda parte, entrámos bem, mas o jogo continuou equilibrado. A partir dos 60 minutos, graças à malta que entrou bem [nas substituições], dominámos, com muitos cruzamentos. Tendo em conta o que o jogo deu, creio que o resultado é justo.
Temos vindo a trabalhar, mas de uma forma pouco sustentada. Queremos ser uma equipa mais competente no futuro. Com o volume de jogos, só trabalhávamos para recuperar, porque jogávamos de três em três dias. Houve jogos em que não conseguimos pontos, porque os perdemos na parte final. Havia falta de frescura. Com este plantel curto e jogos com elevada competitividade, frente a equipas com ‘pergaminhos’ no nosso futebol, tivemos ainda mais dificuldades.
Nesta semana, já treinámos com o plantel todo. A confiança não abundava, fruto dos resultados, mas, aos poucos, fomos crescendo no jogo e demos um bom sinal para o futuro. Foi uma vitória justa. Queria dedicá-la aos jogadores, porque têm trabalhado imenso e mostram caráter, e aos adeptos, porque não podem cá estar connosco.
Há oito a 10 equipas que lutam pelo mesmo objetivo [a manutenção]. Temos de estar unidos. Somos um clube que não faz barulho, honesto e que respeita o futebol.
O Antoine, quando se lesionou [após o 0-0 com o Belenenses SAD, em 04 de janeiro], estava numa forma fantástica. Além de ser rigoroso taticamente, é forte nas transições, consegue ir no ‘um para um’ com eficácia e tem um último passe bom. Fez falta à equipa. A vinda do Antoine e de mais dois ou três jogadores que estavam fora, juntamente com o Paulinho, com o Pedrinho e o Pedro Marques [reforços de inverno], acrescentam qualidade à equipa.
Consegui mexer na equipa e ter jogadores de qualidade para acrescentar ao jogo. Treinámos o processo, mas são as características individuais dos atletas que acrescentam ao jogo. Quanto ao Pedro [Marques], está a crescer, como qualquer jovem, mas tem um empenho e uma determinação que serão úteis para nós. Temos agora um plantel mais equilibrado e competitivo”.
– Daniel Ramos (treinador do Santa Clara): “Foi uma das melhores primeiras partes que fizemos. Tivemos várias oportunidades. Aos três minutos e meio, já tínhamos duas. Conseguimos ser uma equipa dominadora, com posse e circulação de bola. Disse, ao intervalo, que deu gosto vê-los jogar e que era pena irmos para o intervalo com 0-0.
A segunda parte foi mais equilibrada. O Gil Vicente foi mais agressivo e acutilante, e criou-nos mais dificuldades até ao lance final [do penálti], que me revolta. Já tenho mais de 600 jogos no futebol português, mas não quero ser corrosivo para com o ambiente do futebol português. Temos uma viagem longa para fazer e estamos tristes.
Tivemos quatro ou cinco grandes oportunidades na primeira parte. Continuámos a ser uma equipa dominadora e muito tranquila com bola. Se tivéssemos marcado primeiro, teríamos muitas possibilidades de vencer o jogo. Percebemos o nervosismo do Gil [Vicente] e estávamos muito bem no jogo”.