HEALTH TALKS
A rubrica de opinião mensal Health Talks é uma parceria da Escola Superior de Enfermagem da UMinho com O MINHO. Visa empoderar as pessoas, partilhar informação baseada na evidência científica e fomentar comportamentos saudáveis. O objetivo é valorizar o bem-estar físico, mental e social a nível individual, familiar e comunitário, além de aumentar a literacia em saúde dos cidadãos e aproximá-los dos cientistas. Acompanhe o projeto nas redes sociais Instagram, Facebook, LinkedIn e Spotify.
por Micaela Rodrigues – Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, Silvana Martins – ProChild CoLAB Against Poverty and Social Exclusion – Association, Maria José Silva – Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho e Cláudia Augusto – Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho
A nutrição é um fator essencial para um bom desenvolvimento cerebral. A investigação tem mostrado que o
tipo de padrão alimentar de uma criança pode estar associado ao seu desenvolvimento cognitivo. No entanto, ainda há pouco conhecimento científico sobre estas relações na primeira infância.
Partindo deste interesse, um estudo de investigação desenvolvido no âmbito do Projeto Healthy Children, financiado pelas Academias do Conhecimento da Fundação Calouste Gulbenkian, procurou estimar associação entre as dimensões da qualidade alimentar (contribuição energética para a ingestão energética total de alimentos não processados e minimamente processados e a diversidade alimentar) e o desenvolvimento cognitivo de crianças entre os 12 e os 36 meses de idade.
O estudo contou com a colaboração de 15 creches do concelho de Braga, onde foi possível recolher dados sobre o desenvolvimento cognitivo e o consumo alimentar de 212 crianças.
Os resultados obtidos parecem sugerir que as meninas com uma dieta onde a maior contribuição energética provinha de alimentos não processados e minimamente processados apresentavam um melhor desenvolvimento cognitivo. A mesma tendência verificou-se na análise dos dados da diversidade alimentar, em que as meninas com maior diversidade alimentar apresentaram um melhor desenvolvimento cognitivos.
No caso dos meninos, não foi observada nenhuma associação estatisticamente significativa.
Estes resultados vêm reforçar a importância da sensibilidade na escolha dos alimentos que são disponibilizados às crianças pequenas. Numa fase de desenvolvimento onde a introdução alimentar assume um papel de destaque é importante que se ofereça às crianças alimentos nutricionalmente ricos, minimamente processados e que contribuam para a manutenção de um estilo de vida saudável.
Os profissionais de saúde e os profissionais de creche podem ter uma missão importante no respeita ao apoio às famílias. Dada a sua proximidade e o seu conhecimento, podem constituir-se como um verdadeiro recurso promotor de saúde, orientando e guiando as escolhas das famílias no respeita à alimentação.
Health Talk
Estes resultados serão apresentados e detalhados na próxima Health Talk “Somos o que comemos”, no dia 28 de fevereiro e reforçam a necessidade de se investir no apoio às famílias, na capacitação de profissionais e no desenvolvimento de mais estudos que aprofundem estas relações entre padrões alimentares e desenvolvimento cognitivo na primeira infância.