Agostinho Mota, 50 anos, natural de Celorico de Basto e residente em Barcelos, mais concretamente na freguesia de Alvito São Pedro (“terra de beleza únicas e de gentes de bem”), é o candidato do Chega à Câmara de Barcelos.
É licenciado em Química Aplicada – Ramo Têxtil, ramo em que trabalhou 16 anos, sendo atualmente docente de física e química. É presidente da Comissão Politica Concelhia de Barcelos e suplente do Conselho Nacional do Partido Politico.
Em entrevista a O MINHO, faz um balanço “muito negativo” dois 12 anos de governação PS, que considera ter ficado marcada pela detenção e prisão domiciliária do presidente, Miguel Costa Gomes, no âmbito da “Operação Teia”.
Agostinho Mota diz que, se fosse deputado na Assembleia da República, furaria a disciplina de voto para ter um novo Hospital de Barcelos, mas considera que as instalações do atual devem ser melhoradas.
O candidato afirma que o Chega é a “única candidatura de direita” e critica a coligação PSD/CDS/BTF, classificando-a de “‘mistura’ onde o CDS nem tem voz”. “Esta coligação é mais um movimento socialista que se fartou de malhar no PSD em tempos passados e como tal não augura nada de bom, pois não tem identidade própria”, ataca.
Entre as medidas que propõe, estão a criação da Polícia Municipal, a construção de duas piscinas e o regresso das salas de cinema.
Com as próximas eleições autárquicas, fecha-se um ciclo de 12 anos da presidência de Miguel Costa Gomes/PS. Que balanço faz desta gestão autárquica?
O balanço, desde já, infelizmente é muito negativo, uma vez que, neste último mandato do executivo de Miguel Costa Gomes/PS a cidade de Barcelos ficou “nas bocas do mundo” pelos piores motivos. O sr. presidente da Câmara
encontra-se envolvido num caso de favorecimento e alegada corrupção no famoso caso “Operação Teia”. O sr. presidente deveria ter suspendido o seu mandato até resolver este problema com a justiça e, além do mais, quando
esteve preso com pulseira eletrónica deveria prescindir do seu vencimento, uma vez que não exerceu funções executivas durante esse tempo.
A cidade e o seu concelho praticamente estiveram parados no tempo, foram 12 anos em que os problemas de maior importância ficaram por resolver. Tudo que foi herdado pelo PS em relação ao executivo anterior PSD, não foi resolvido, e até foi agravado. Ora vejamos, a variante e a circular urbana da cidade não foram terminadas, há acessos por fazer e vias que terminam de repente (estradas sem saída). Em 12 anos, a ausência de manutenção da própria circular com o piso bastante degradado e fraca visibilidade das marcações da rodovia e de iluminação.
As políticas implementadas pelo atual executivo, levou a que nos últimos 10 anos, o concelho de Barcelos visse a população residente diminuir 3% face a 2011, como nos provam os censos de 2021. A população Nacional diminui 2%, enquanto Barcelos regista um agravamento de mais um ponto percentual em relação à média nacional.
Nos concelhos do quadrilátero Urbano, Braga sobe 6,5% da população, Famalicão tem perdas residuais (-0,2%) e Guimarães (-0,8%). A vizinha cidade de Esposende sobe 2,6% da população. Como tal, a nossa aposta, está centrada em políticas para as pessoas e para os jovens, no sentido de reter a nossa população e até atrair e aumentar a população residente vinda dos concelhos vizinhos.
Como avalia a gestão política da questão da Águas de Barcelos e qual o modelo que defende para a sua resolução?
O caso da Água de Barcelos é gritante e continua por resolver, há uma decisão em tribunal, que levou a câmara uma condenação de cerca de 170 milhões de euros a pagar até ao termo da concessão. Foi uma promessa eleitoral que
ficou claramente por resolver por este executivo do PS e de Miguel Costa Gomes.
O contrato de concessão da água tem de ser analisado com muito detalhe, pois, se existe um contrato com cláusulas muito “apertadas”, o qual temos de cumprir até ao fim do mesmo (o executivo do PSD não acautelou os interesses
do Município), deve a câmara (o vereador com o respetivo pelouro) e os seus funcionários estarem muito vigilantes (em articulação com as freguesias e os seus presidentes de junta), estarem em permanente alerta, se a própria
concessionária cumpre rigorosamente os termos do fornecimento da água, se o serviço é prestado com a qualidade e se as populações são bem servidas deste recurso essencial.
Caso os prossupostos não sejam cumpridos (falta de caudal, pressão, sabor, cheiro desagradável, rebentamentos de condutas e faltas no abastecimento), deve ser prontamente denunciado e se for caso disso esgrimir o incumprimento em tribunal. Exigir o total cumprimento do contrato e não abdicar dos direitos dos termos de fornecimento, melhoria e ampliação da rede de abastecimento da Água em Barcelos.
Relativamente ao novo hospital de Barcelos, como acha que o executivo municipal geriu o processo e, caso seja eleito, o que pretende fazer para que este seja uma realidade?
O novo hospital de Barcelos é promessa do PS sem fim à Vista. Durante os três mandatos do PS, não conseguiram solucionar o problema do novo hospital. Não houve vontade política, quer por parte do PS (que tem deputados na
Assembleia da República, que foram eleitos pelo circulo eleitoral de Braga) quer por parte do PSD (que tem atualmente um candidato a vereador que é deputado da Assembleia da República) que deveriam ter votado contra os sucessivos orçamentos de Estado que não comtemplaram a verba para o novo hospital de Barcelos. Deveriam ter desobedecido à disciplina de voto. Era o que eu faria, para forçar a construção do Hospital de Barcelos, ficaria conhecido pelo “caso do Hospital de Barcelos” (em analogia ao caso do “queijo Limiano”). Se não for possível a construção do novo Hospital de Barcelos, deve ser reestruturado o atual, ampliado e serem devolvidas valências entretanto perdidas.
Nestas eleições autárquicas há três novidades: a coligação PSD/CDS/BTF, o Chega e um candidato independente dissidente do PS. Que leitura faz deste novo cenário político na cidade e o que de bom ou mau considera que pode trazer para a governação da Câmara?
A candidatura do partido Chega é uma candidatura que surge como uma alternativa às sete existentes. É uma candidatura que não concorre contra ninguém, mas antes uma candidatura, de “pessoas de bem” para as pessoas que anseiam a mudança.
Barcelos precisa de uma governação séria, credível e competente a pensar na vida real das pessoas, nas necessidades da população e que permita o desenvolvimento social e económico dos barcelenses.
Na verdade, somos a única candidatura de direita, uma vez que todas as outras seis são de esquerda. Ora vejamos, a Todos Barcelos é uma candidatura constituída por dissidentes do PS (o candidato e ex-militante do PS, é o presidente da UF de Barcelos e Vila Boa por dois mandatos) que concorre como independente, por não ter tido nem achado na escolha para a lista da vereação do PS.
A candidatura do MAS, como o próprio nome indica, Movimento Alternativa Socialista, é mais do mesmo.
A coligação Barcelos Mais Futuro, do PSD, é constituída pelo BTF, cujo líder e candidato número dois [Domingos Pereira] foi ex-deputado da Assembleia da república pelo PS, ex-vice-presidente da Câmara PS, ex-presidente concelhio do PS, ex-vereador pelo PS e até, diria eu, ideólogo desta “mistura” onde o CDS nem tem voz. Esta coligação é mais um movimento socialista que se fartou de malhar no PSD em tempos passados e como tal não augura nada de bom, pois não tem identidade própria.
Há que referir, as candidaturas da CDU e do BE, candidaturas de extrema-esquerda, as quais estão desatualizadas nos tempos de hoje, pois são partidos políticos que na Europa moderna e desenvolvida não têm representatividade e apenas se encontram em países cuja liberdade de expressão é nula ou quase nula.
Por fim, a candidatura do PS, que termina um ciclo de governação de 12 anos, em que os grandes problemas e necessidades do concelho não foram resolvidos e muitos até foram agravados. Os 12 anos de governação socialista
provocaram sérios danos na imagem da cidade e do concelho de Barcelos, nomeadamente na chamada “Operação Teia”.
A candidatura do PS é uma candidatura de continuidade, em que há troca de cadeiras, entre o atual presidente da Câmara e o atual presidente da Assembleia Municipal. A nossa candidatura aposta claramente no desenvolvimento do concelho de Barcelos com uma visão futurista e moderna, apostando na fixação dos jovens e da população residente que, infelizmente, têm abandonado o nosso município.
Quais as prioridades da sua candidatura para Barcelos?
Reforçar a segurança: criação da Polícia Municipal; melhorar as instalações da PSP e GNR (articular com o Ministério da Administração Interna). Na educação: criar e incentivar os Cursos Profissionais (equivalência 12º ano) nas áreas:
Têxtil, Agricultura e Cerâmica artesanal; programa de Bolsas de Estágio Profissional. Na cultura: regresso de salas de Cinema. Desporto: duas piscinas Municipais, a Norte e a Sul do Concelho (junto de escolas, lares e centros de Dia);
Reforçar o desporto escolar em todo o concelho; apoiar o Futebol Popular. Desenvolvimento da economia: colaborar com as associações de comércio, indústria e agricultura na captação de novos investimentos; criação de um programa de apoio municipal ao comércio, à restauração e aos bares; supressão de algumas passagens de nível sem guarda, nomeadamente as com maior tráfego. Fixação das famílias: promover o investimento de imigrantes e o seu regresso ao concelho, facilitar o licenciamento para jovens que contruam habitação própria, subsidiar os nascimentos nas famílias mais carenciadas. Os barcelenses em primeiro: valorizar e envolver os barcelenses no desenvolvimento sustentável e assegurar qualidade de vida; apostar na formação e qualificação como garante de melhores salários; dar transparência total às atividades da Câmara Municipal; assegurar o combate à corrupção; apostar na iniciativa privada e no empreendedorismo.
Quais as potencialidades de Barcelos que gostaria de ver mais exploradas?
Potenciar o turismo como motor de desenvolvimento: recuperar a zona ribeirinha dos rios Cávado e Neiva; criação e requalificação de praias fluviais; promoção da prática de desportos náuticos no rio Cávado; rede de percursos pedestres; rota do turismo de Natureza; roteiro gastronómico; promoção do Caminho de Santiago (etapas de Barcelos); redes de transportes e guias turísticos. Fixação das famílias: reduzir os custos de taxas e a reabilitação de edifícios devolutos para habitação; valorizar e envolver os barcelenses no desenvolvimento sustentável e assegurar qualidade de vida.