Sócrates recebia 12.500 euros por mês de empresário falido de Famalicão

Adélio Machado correu no Dakar

José Sócrates terá recebido, entre 2020 e meados de 2021, cerca de 12.500 euros por mês pagos por empresas de Adélio Machado, ex-piloto de automóveis de Famalicão, levando a que a Caixa Geral de Depósitos, onde o dinheiro ‘caia’ ao fim do mês, alertasse o Ministério Público.

Segundo uma investigação publicada hoje pela SIC, o banco foi forçado a alertar a Justiça por Sócrates ser uma “pessoa politicamente exposta”, havendo por isso regulamentação extraordinária que leva ao dever de comunicação sempre que exista suspeita de branqueamento de capitais.

A SIC contactou o antigo primeiro-ministro que não quis comentar o caso por considerar tratar-se de “devassa da vida privada” e a Procuradoria-Geral da República não respondeu se este alerta da CGD deu origem a inquérito.

As suspeitas começaram logo em janeiro de 2020, quando recebeu o primeiro ordenado por trabalhar para uma empresa do Luxemburgo sem qualquer atividade conhecida, mas o salário foi pago por uma empresa de Espanha em igual situação.

A justificação: contrato de consultoria com Adélio Machado, ex-piloto de Famalicão que foi o melhor português nas motas durante o Dakar 2009, e que entretanto se tornou empresário com negócios espalhados por toda a Europa e era dono das duas empresas.

Adélio Machado. Imagem: SIC (2014)

Segundo a investigação, os salários de Sócrates eram emitidos a partir dessas duas empresas, uma no Luxemburgo e outra em Espanha, ambas de Adélio Machado, que detinha ainda empresas sediadas ao lado da Torre Eiffel, em Paris, todas elas agora em insolvência e com a “polícia e a autoridade tributária” a bater à porta.

Segundo a SIC, o empresário famalicense movia-se, em 2015, no Luxemburgo, através da empresa ETZ Global Telecom, uma sociedade da qual era administrador, mas “sem atividade conhecida, sem site na internet ou contacto telefónico, apenas uma morada para correio num escritório de empresas na capital do grão-ducado”.

Foi essa mesma empresa que, em 23 de janeiro de 2020, assinou o primeiro contrato de serviços com o ex-primeiro ministro, numa altura em que ainda se encontrava em fase de instrução na Operação Marquês.

Até outubro de 2021, passou a ser “presidente do Conselho Consultivo Estratégico”, prestando serviços de consultoria técnica e de gestão para os mercados da América Latina e restantes PALOP, recebendo, para além dos 12.500 euros mensais, bónus pelas deslocações, estadias, representação e um prémio em função dos resultados.

 
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