O sócio-gerente da empresa proprietária da Rádio Antena Minho, em Braga, recusou hoje, em tribunal, ter tido qualquer participação no processo de candidatura a um subsídio estatal, alegando que era um administrador entretanto falecido quem tratava desses assuntos.
“Foi tudo tratado por ele [Armindo Veloso], ele nunca me explicava essas coisas, assinava o que ele me pedia e pronto. Eu confiava plenamente no homem”, referiu Manuel Freitas Costa.
O responsável falava no Tribunal de Braga, no início do julgamento de um processo por alegada fraude na obtenção de subsídio, relacionado com uma candidatura apresentada em 2010 pela Rádio Antena Minho ao programa Incentivo à Consolidação e ao Desenvolvimento das Empresas de Comunicação Social Regional e Local.
Além de Freitas Costa, no banco dos réus estão ainda arguidos um funcionário administrativo da rádio e o gerente de uma empresa de Viseu fornecedora de equipamentos informáticos.
As quatro empresas do grupo de comunicação social que integra a rádio também são arguidas.
Hoje, o tribunal ouviu também o trabalhador administrativo da rádio, que disse que “desconhecia completamente” a candidatura e que emitia cheques e facturas “de acordo com instruções” de Armindo Veloso, o administrador que morreu em 2016.
O gerente da empresa de Viseu também enjeitou responsabilidades na candidatura, dizendo que apenas tratava da parte técnica, enquanto a administrativa ficava a cargo do seu irmão, que, entretanto, emigrou para o Brasil.
Segundo o Ministério Público, os arguidos concertaram um esquema de empolamento de despesas, de forma a que a rádio recebesse o valor total do equipamento, quando, de acordo com as regras, não poderia receber mais de 50%.
A rádio acabaria por receber um financiamento de 124 mil euros, quando o valor do equipamento se ficava pelos 84 mil euros.
A empresa fornecedora passaria faturas no valor fictício, que seria pago pela rádio.
A rádio seria depois ressarcida do valor pago a mais, através de transferências do fornecedor para outras empresas do grupo.