O Presidente russo, Vladimir Putin, admitiu hoje que a situação é “extremamente difícil” nas quatro regiões do sul e leste da Ucrânia cuja anexação é reivindicada por Moscovo, mesmo sem as ter conquistado totalmente.
“A situação nas Repúblicas Populares de Donetsk, Lugansk, bem como nas regiões de Kherson e Zaporijia é extremamente difícil”, disse Putin.
As declarações do governante surgiram num vídeo destinado aos funcionários do Serviço de Segurança (FSB), Inteligência Estrangeira (SVR) e Proteção de Altos Funcionários (FSO), que celebram anualmente as suas “férias profissionais” em 20 de dezembro.
Vladimir Putin elogiou o trabalho dos membros dos serviços de segurança russos que operam nas “novas regiões da Rússia”, garantindo que “as pessoas que lá vivem, os cidadãos russos”, dependem da “proteção” destes serviços.
O chefe do Kremlin, ele próprio um ex-agente do serviço secreto soviético (KGB), pediu “concentração máxima” aos serviços de contraespionagem.
“É necessário reprimir severamente as ações dos serviços secretos estrangeiros e identificar efetivamente traidores, espiões e sabotadores”, disse Vladimir Putin.
Em setembro, o presidente russo anunciou a anexação de quatro regiões ucranianas (Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson) parcialmente controladas pelo exército russo, depois de terem realizado “referendos” locais denunciados como fictícios por Kiev e pelo Ocidente.
Contudo, em novembro a Ucrânia retomou Kherson, a capital da região com o mesmo nome, um grande revés para Moscovo, após uma contraofensiva de semanas e ações de guerrilheiros ucranianos atrás das linhas inimigas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou pelo menos 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 7,8 milhões de refugiados para países europeus, pelo que as Nações Unidas classificam esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 6.755 civis mortos e 10.607 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.