O avançado Cristiano Ronaldo afirmou hoje que continua a sentir-se uma mais-valia na seleção portuguesa de futebol e que será o primeiro a sair quando não se sentir relevante, numa decisão de consciência tranquila.
“O que sinto é que, neste momento, ainda continuo a ser uma mais-valia na seleção. Quando sentir que não sou uma mais-valia, sou o primeiro a ir-me embora e vou com a consciência tranquila, como sempre. Sei o que sou, o que faço e o que continuarei a fazer”, frisou, em conferência de imprensa realizada na Cidade do Futebol, em Oeiras.
A equipa das ‘quinas’ concentrou-se hoje para iniciar a preparação para o duplo duelo que inicia a Liga das Nações, nas receções a Croácia e Escócia, no primeiro estágio após o Europeu, no qual Portugal terminou eliminado nos quartos de final, diante da França.
“Quando chegar esse momento, mais cedo ou mais tarde, serei o primeiro a dar esse passo em frente. Será uma decisão muito própria de mim e que não será muito difícil de tomar. Será uma decisão normal como outros jogadores a tomaram, como o Pepe, que fez uma carreira excelente, é um exemplo para todos nós e saiu pela porta grande. É essa a maneira de ver, sair pela porta grande e com alegria, não com tristeza”, atirou.
Após ficar em ‘branco’ pela primeira vez numa fase final, sem golos marcados em cinco encontros disputados, Cristiano Ronaldo recebeu várias críticas, que considera “ótimo” ter, uma vez que “sem crítica, não há evolução” e é algo com que lidou toda a carreira.
“Eu sempre terei, até ao final da minha carreira, o pensamento de que serei titular. Eu respeitei sempre as decisões dos selecionadores e treinadores… Nem sempre, mas isso é porque também se portaram mal comigo. Sempre que houver uma ética profissional, sempre respeitarei os treinadores”, assegurou ainda, quando questionado se se sente preparado para poder eventualmente perder o estatuto de titular na seleção nacional.
Aos 39 anos, Cristiano Ronaldo abordou a possibilidade de ainda chegar ao golo 1.000 na carreira, embora o ‘astro’ luso realce que os tentos já não são uma preocupação.
“Nos últimos anos, o que me move é a alegria que ainda continuo a ter em ir para os treinos e ter competição. Para mim, é o mais importante. Às vezes vais marcar, outras não, faz parte da vida. Se fizermos esses números, parece fácil, mas não é, tudo tem o seu preço e trabalho. Temos de encarar essas metas como uma brincadeira séria, levar com naturalidade e leveza e não viver obcecado com o golo, porque isso vai acontecer naturalmente. Se me sentir motivado, tentarei chegar à marca dos 1.000 golos”, disse.
Cristiano Ronaldo revelou ainda um episódio com o jovem Geovany Quenda – chamado pela primeira vez à seleção com apenas 17 anos – na chegada à Cidade do Futebol, com o futebolista do Sporting “envergonhado”, numa perspetiva de que “seleção é família”.
“Muitos deles têm vergonha de falar comigo. Ainda há bocado eu estava a subir para o quarto, vi o Quenda, fui ter com ele, mas vi que ficou um bocado envergonhado. Quem me conhece sabe que na seleção sou sempre um irmão mais velho, ou pai para alguns. Ajudar na integração deles é fundamental, também já passei pelo mesmo. A seleção é uma família e quando alguém vem é sempre uma mais-valia para o futuro”, sublinhou.
No arranque da quarta edição da Liga das Nações, a seleção lusa recebe na quinta-feira a Croácia, no Estádio da Luz, em Lisboa, e, três dias depois, defronta a Escócia, no mesmo recinto, com ambos os jogos a terem início às 19:45.
A seleção nacional está inserida no grupo A1, em que também está a Polónia, além de croatas e escoceses.
Portugal conquistou a primeira edição da Liga das Nações, em 2019, tendo depois falhado a qualificação para a ‘final four’ em 2020/21 e 2022/23.