Síndrome da morte súbita do lactente

A síndrome da morte súbita infantil é definida como a morte súbita de uma criança com menos de um ano de idade, que permanece inexplicada após uma extensa investigação, incluindo a autópsia. O diagnóstico da síndrome da morte súbita do lactente só pode ser estabelecido depois de descartadas outras possíveis causas de morte, como maus-tratos, acidentes, intoxicações, infecções ou doenças genéticas previamente desconhecidas.

 Em apenas 15% dos casos de morte súbita é possível identificar uma causa para morte.

 A morte súbita do bebé ocorre habitualmente em crianças com idade entre 1 mês e 1 ano de vida, mas 90% dos casos aparecem em bebés com menos de 6 meses. A altura mais perigosa, com maior número de casos, é entre os 2 e 4 meses. A maioria dos bebés morre durante o sono, geralmente entre a meia-noite e 6 horas da manhã, e não há sinais de que tenham tido qualquer tipo de sofrimento. 60% dos casos ocorrem em rapazes.

 Não existe negligência dos pais nem há evidências que haja um fator hereditário. O risco de uma família que já teve um caso de morte súbita infantil ter um novo episódio com um segundo filho é de apenas 1%.

 Causas da Síndrome da Morte Súbita do Lactente

 Entre as teorias mais aceites atualmente, uma tem ganho bastante destaque. Imagina-se que a síndrome da morte súbita do lactente (SMSL) ocorra por um atraso na maturidade do tronco cerebral do bebé, área do sistema nervoso central que controla a respiração, os batimentos cardíacos e a pressão arterial. Bebés propensos à morte súbita têm maior dificuldade em acordar quando são submetidos a situações de stresse, como baixa oxigenação ou excesso de calor.

 A teoria da imaturidade do sistema nervoso central é corroborada pelo facto da morte súbita ser mais comum em bebés prematuros ou com baixo peso ao nascimento.

 Fatores de risco para a Síndrome da Morte Súbita do Lactente 

 Somente a imaturidade do sistema nervoso cerebral não parece ser suficiente para explicar a ocorrência da morte súbita nos bebés. O mais provável é que o quadro de SMSL seja multifatorial, ocorrendo quando um bebé com maior predisposição é submetido a uma ou mais situações de risco.

 Estudos mostram que em 95% dos bebés que sofreram uma morte súbita inexplicável é possível identificar pelo menos 1 fator de risco. Em 88% dos casos, 2 ou mais fatores de risco podem ser apontados.

 – Dormir de bruços pode causar morte súbita em bebés

 Entre os principais fatores de risco, um se destaca: dormir de bruços, ou seja, com a barriga para baixo.

 A partir da década de 1990, várias sociedades internacionais de pediatria lançaram campanhas para estimular os pais a colocar os bebés para dormir de barriga para cima. Nos EUA, em 1992 cerca de 75% dos bebés dormiam de barriga para baixo. Após 10 anos de campanha, essa taxa caiu para apenas 11%. Esta simples mudança na posição de dormir foi responsável por uma redução de 58% nos casos de morte súbita em bebés.

 A posição com maior risco é a de bruços. Deixar o bebé dormir de lado também é perigoso, apesar de não tanto quanto de bruços. A forma mais segura de pôr o bebé para dormir é de barriga para cima.

 Por imaturidade do sistema nervoso central, bebés muito novos parecem ter menos capacidade de reconhecer que estão a sufocar, por isso, não costumam acordar nem mudar de posição quando estão com dificuldade em respirar durante o sono. Dormir de barriga para baixo dificulta a respiração do bebé e facilita que ele fique com a cara voltada para o colchão, o que favorece a obstrução das vias aéreas. Por esse motivo, colchões muito moles ou a presença de travesseiro, panos ou lençóis em volta da cabeça do bebé também devem ser evitados.

 Dormir no mesmo quarto dos pais diminui o risco de morte súbita, mas dormir na mesma cama que eles aumenta-o, pois torna a superfície do colchão mais irregular. Também não se recomenda que bebés gémeos durmam no mesmo berço.

 É importante evitar que o bebé durma durante muitas horas em locais que não sejam a cama do berço. Cadeirinhas para carro, bebé-conforto ou carrinho de bebé são feitos para transportar o bebé e não devem substituir a cama durante a noite.

 – Ambientes quentes podem ser perigosos para o bebé

 Outro fator que costuma estar ligado à morte súbita do bebé é o calor. Quartos com temperatura muito elevado ou bebés que dormem com excesso de roupa com muitos cobertores estão sob maior risco.

 Como os bebés perdem muito calor pela face, dormir de barriga para baixo em quartos quentes torna-se perigoso, pois além de não conseguir respirar bem, a face encostada à cama tem menor capacidade de dissipar calor.

 – Relação do cigarro com a morte súbita de bebés

 Outro importante fator de risco para morte súbita dos bebés é o tabagismo materno. Mães que fumam durante a gravidez ou que voltam a formar logo após o parto, expondo o bebé ao fumo passivo, aumentam muito o risco da SMSL.

 O contacto precoce com o fumo ou com as toxinas do cigarro ainda no período intrauterino altera o funcionamento normal cardiovascular e respiratório, tornando o bebé mais susceptível a episódios de asfixia na cama.

 Mães que fazem uso de drogas ilícitas ou abusam de álcool também têm maior risco de terem um bebé que apresente morte súbita.

 Como reduzir o risco de Morte Súbita nos Bebés 

 O que deve ser evitado

 A atitude que mais reduz o risco de morte súbita do lactente é colocar o bebé para dormir de costas, com a barriga para cima. Bebés muito pequenos não mudam de posição durante o sono.

A cama deve ser firme e sem irregularidades.

Os bebés devem dormir na cama, deve evitar-se deixá-los a noite toda no carrinho ou no bebé-conforto.

Evitar objetos na cama que possam ser puxados de forma acidental para a cara a do bebé, como panos ou lençóis.

Bebés não precisam de travesseiros nem cobertor.

Evitar colchões muito macios.

Não deixar o bebé dormir na cama dos pais durante a noite.

Não fumar na gravidez nem após o parto.

Não deixar o quarto do bebé ficar muito quente.

Não vestir o bebé com excesso de roupas.

 O que pode ajudar

Dormir no mesmo quarto do pais (não na mesma cama) até aos 6 meses.

Uso de chupetas exclusivamente à noite para dormir a partir do primeiro mês de vida; chupetas antes do primeiro mês podem atrapalhar o aleitamento materno e após os 2 anos podem atrapalhar a dentição.

Aleitamento materno diminui o risco de SMSL.

Manter a temperatura do quarto ao redor dos 22 a 23ºC, de forma a que o bebé possa ficar confortável sem precisar de se agasalhar excessivamente.

Existem no mercado monitores de respiração e batimentos cardíacos para bebés. Os estudos, porém, mostraram que esses aparelhos não diminuem o risco de síndrome da morte súbita do lactente, por isso, não são recomendados.

 
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