O SITEU- Sindicato Independente de todos os Enfermeiros Unidos anunciou, hoje, em comunicado que a greve, iniciada dia 01 de agosto, pelas 14 enfermeiras do Serviço de Cirurgia do Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde vai ser alargada a partir de amanhã, dia 19.
“ A greve continua a abranger o trabalho suplementar no Bloco Operatório (isto é, todas as horas realizadas fora dos horários habituais), bem como, a partir de agora, todo o trabalho no âmbito de outras cirurgias adicionais ajustadas por protocolo com o Hospital de Braga (colecistectomia) e a restante produção cirúrgica contratualizada com Hospitais do Serviço Nacional de Saúde, independentemente da Santa Casa as pretender incluir no horário normal”, refere a carta, que foi enviada à Santa Casa.
O MINHO tentou contactar o provedor, Bento Morais, mas, até ao momento, tal não foi possível.
Quantia ridícula
O Sindicato explicou que a Misericórdia contratualizou com o Hospital de Braga a feitura de operações cirúrgicas, entre as quais as hérnias, pelas quais paga uma determinada quantia: “a Misericórdia retira 60 por cento para os seus custos e os restantes 40 ficam para pagar o trabalho de médicos, enfermeiros e auxiliares.
Só que – salienta – aos enfermeiros chega apenas uma quantia ridícula, apesar de trabalharem mais sete horas, fazendo dois turnos.
O SITEU sublinha que a situação se arrasta há vários anos e acusa o provedor, Bento Morais de não querer negociar: “nenhuma instituição de misericórdia pode viver à custa do trabalho dos seus profissionais”, salienta.
O organismo sindical garante que a greve continuará, mesmo após o fecho do serviço por uma semana previsto para o corrente mês, e diz que só para quando a Misericórdia se sentar para negociar: “as enfermeiras ganham muito mal, apenas 968 euros brutos, enquanto que, por exemplo, o ordenado das que trabalham no Hospital de Braga é de 1.205 euros”.
Intimidação
O SITEU afirma, em carta enviada à Misericórdia e à sua diretora de Rexurso Humanos, Cláudia Morais – filha do provedor – que, “com inteira boa-fé negocial, apresentou, no sábado passado, dia 15, uma proposta generosa, com significativas cedências por parte das enfermeiras do Bloco Operatório, disponibilizando-se, para concluir e assinar o contrato no dia de ontem, em que havia o regresso das férias”.
Por isso, “mantém e reitera a proposta e a disponibilidade para o acordo imediato. Porém, nem as Enfermeiras do Bloco, nem o SITEU, se deixarão intimidar com ameaças e pressões por parte da SCMVV, relativas a alterações de horários, a faltas injustificadas, a processos disciplinares, a serviços mínimos e outras atitudes do género…”
E prosseguindo: “Quem está a impor a via do confronto é a Santa Casa, através do novo advogado, Pedro Mota Soares, o ex-ministro da Segurança Social. Na verdade, em vez do acordo esperado e proposto, respondeu com novo advogado, ameaçador e a dar o dito por não dito”.
O organismo sindical salienta que, “esta greve abrange todo o pessoal de Enfermagem. A substituição de grevistas, por pessoal que não trabalhavam no Serviço ou a admissão de novos trabalhadores, é crime e o SITEU, se a Santa Casa não arrepiar caminho e não se disponibilizar ao acordo, vai apresentar queixas crime!”
Razões do protesto
O comunicado acrescenta que se mantêm as anunciadas razões da greve e as pretensões das enfermeiras, que são muito claras e simples: O pagamento (ou definição de datas para tal) das retribuições acordadas e em dívida do trabalho realizado em 2018 (parte), 2019 e 2020, nos sete meses já decorridos; A garantia de que o trabalho continuará a ser distribuído, como até agora, por todas as Enfermeiras do Bloco que manifestem a disponibilidade para o realizar (não sendo excluída ninguém contra sua vontade, sem justa causa), mantendo o subsídio de disponibilidade na percentagem atual (20%) e a retribuição como suplementares de todas as horas que ultrapassem as 35h por semana”.