A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) alertou hoje para uma diminuição do número de candidatos à PSP, sendo os principais motivos “os salários baixos” e “a pouca valorização” das exigências e risco da profissão.
“Os números são claros. A carreira na PSP não é atrativa, o número de candidatos nos últimos anos tem decrescido e a própria direção nacional da PSP admitiu que está com dificuldades em recrutar e em preencher o total dos novos cursos”, disse à agência Lusa o presidente da ASPP/PSP, Paulo Santos, a propósito de uma conferência que o sindicato organizou sobre a atratividade da carreira policial.
O sindicalista afirmou que a conferência concluiu que há “um decréscimo e desinteresse de candidatos à Polícia de Segurança Pública nos últimos anos” e identificou como principais motivos deste afastamento a “estagnação dos salários, complexidade, risco do serviço, falta de compensação pelas exigências e especificidades e mobilidade interna”.
Paulo Santos sustentou que o grande motivo são os baixos salários, avançando que o vencimento inicial de um polícia é 801 euros.
O presidente do maior sindicato da PSP criticou as declarações do ministro da Administração Interna, que esta semana afirmou que “ninguém na PSP, com os suplementos a que tem direito e com a atualização em cerca de 70 euros do subsídio de risco, ganhará menos de 1.000 euros a partir de janeiro do próximo ano”.
Paulo Santos disse que Eduardo Cabrita está “a ser habilidoso” e as declarações “não passam de malabarismo comunicacional”, frisando que não se pode confundir vencimentos com suplementos.
“Se o valor imposto pelo Governo, para compensar o risco da missão já é uma provocação, utilizar esse mesmo valor para encapotar aumentos salariais que não se pretende realizar, é a pior forma de fazer política”, sublinha a ASPP.
Para atrair mais polícias, o presidente da ASPP defendeu que é necessário rever as tabelas remuneratórias, criar condições para receber novos elementos, mudar a política de mobilidade interna e criar condições de trabalho ao nível da reestruturação dos suplementos.
Paulo Santos disse ainda que a ASPP, integrada na comissão coordenadora permanente das forças e serviços de segurança, estrutura que congrega vários sindicatos das polícias, vai participar no sábado, em Lisboa, na manifestação da central sindical CGTP.