Sindicato contesta “férias forçadas” na Bosch Braga

Covid-19
Foto: CM Braga / Arquivo

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras do Norte (SITE – Norte) criticou hoje a Bosch Braga por transformar em férias para os trabalhadores o período de paragem da laboração decorrente da pandemia da covid-19.

“Todos pretendemos a defesa dos postos de trabalho, o relançar da economia, mas tal não pode apenas ficar nas costas dos trabalhadores, uma vez mais”, refere o sindicato, em comunicado enviado à Lusa.

Para o sindicato, a Bosch “deve proteger os seus trabalhadores e tem condições de, num caso de redução de atividade ou paragem parcial ou total, garantir 100 por cento dos seus vencimentos”.

A Bosch Braga vai fechar a partir de segunda-feira e por um período de 15 dias, que contará como “férias” para os mais de 3.500 trabalhadores, disse hoje fonte oficial da empresa à Lusa.

Segundo o responsável pela comunicação da Bosch, Abílio Diz, o encerramento prende-se, essencialmente, com a “paragem” do mercado, decorrente da pandemia do novo coronavírus.

“O mercado está parado e o objetivo é tentar minimizar os efeitos dessa paragem, para garantir a estabilidade da empresa e a manutenção dos postos de trabalho”, referiu.

Por outro lado, a Bosch pretende ainda assegurar “o bem-estar” de todos os trabalhadores.

O sindicato diz que este não é, de todo, o conceito de férias.

“As férias são para recuperação física e psicológica dos trabalhadores, para proporcionar momentos de relaxamento junto dos seus e não para serem usadas numa situação destas, de confinamento, de stress e preocupações várias com a nossa vida e dos que amamos”, lê-se no comunicado.

O sindicato diz entender os efeitos da pandemia no setor automóvel, nos produtores, nos fornecedores e, por consequência, na Bosch, mas sublinha que a empresa “não se pode comparar com uma qualquer PME ou com um pequeno quiosque”.

“A Bosch Car Multimedia Portugal está inserida num grupo que tem tido lucros de largos milhões, a própria unidade de Braga tem tido lucros crescentes a cada ano”, refere o sindicato, sublinhando que a riqueza produzida “não tem sido devidamente distribuída pelos trabalhadores”.

A administração da Bosch já admitiu, entretanto, que o período de suspensão da atividade pode ser prorrogado, caso as circunstâncias assim o justifiquem.

 
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