Setor das frutas e legumes aguarda “sinais claros” do governo para enfrentar escalada de preços

Economia
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As empresas de frutas e legumes, presentes na feira Fruit Logistica, em Berlim, pedem ao Governo “sinais claros” que ajudem o setor a enfrentar a escalada dos preços da energia, combustíveis e matérias-primas.

“O setor das frutas e legumes está disponível para trabalhar, mas temos de ter sinais claros do Governo que ainda não tivemos”, sublinhou à Lusa Gonçalo Santos Andrade.

Para o presidente da Portugal Fresh, associação para a Promoção das Frutas, Legumes e Flores de Portugal, não é possível concorrer com os colegas espanhóis, franceses e italianos com “medidas diferentes”.

Rui Correia, diretor comercial da Agromais, organização de produtores, com cerca de mil agricultores associados, aponta o aumento incomportável de preços provocado pela guerra na Ucrânia e também ajudados pela pandemia de covid-19.

“Estamos em pleno início de campanha. Os agricultores estão a ter custos astronómicos sem a garantia de que o preço final possa compensar este investimento que estão a fazer. É um grande risco”, admitiu.

“Estamos num momento decisivo. Boa parte dos nossos agricultores está a atravessar uma crise financeira […]. Por outro lado, não temos tido um apoio efetivo das autoridades. Acredito que possa haver uma seleção natural daqui para a frente”, lamentou.

O setor das frutas, legumes e flores vale 3.841 milhões de euros (um crescimento de 17% face a 2020) e representa cerca de 40% de todo o setor agrícola. Em 2021 as exportações destes produtos ultrapassaram pela primeira vez a barreira dos 1.700 milhões de euros (1731 milhões de euros), atingindo o valor mais alto de sempre.

“Estamos com custos que cresceram de uma maneira galopante […]. O valor por quilo de uma caixa de cartão mais o transporte é superior ao valor de uma couve, é algo completamente impensável há uns meses”, apontou Gonçalo Santos Andrade.

Armando Torres Paulo, administrador da TriPortugal, que exporta para mais de duas dezenas de países, admite ter esperança de que “Portugal defenda os portugueses e os agricultores”.

“Sofremos o mesmo que os outros países, a diferença é que os seus governos já criaram mecanismos de apoio à sua produção. Temos de ser independentes […]. Estamos à espera a todo o momento que o nosso primeiro-ministro, ou ministra da Agricultura, digam ao país que podem ficar descansados, que não vamos passar fome, e a única forma disso acontecer é produzir”, avançou.

A Portugal Fresh defende que o Governo deve atualizar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) tendo em conta a nova realidade. Os apoios devem responder às reais necessidades das empresas e atenuar os graves efeitos que já se refletem na atividade dos produtores.

“Em altura de guerra é necessário rever essas políticas para pelo menos termos as mesmas ferramentas que os nossos concorrentes de Espanha, França e Itália têm”, adiantou Gonçalo Santos Andrade.

A ministra da Agricultura e Alimentação, Maria do Céu Antunes, revelou esta terça-feira, em Berlim, que o governo vai apresentar “dentro de dias” medidas extraordinárias de apoio à agricultura para fazer face ao aumento dos preços, sem adiantar mais detalhes.

No total, participam na maior feira internacional do setor cerca de 30 empresas, associações e parceiros nacionais que ocupam cerca de 300 metros quadrados. A Fruit Logistica termina na quinta-feira.

 
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