Entramos para a última semana antes da realização das eleições autárquicas, sufrágio onde é escolhido o próximo executivo que liderará durante quatro anos cada município. No Minho, há sete presidentes de Câmara que não se recandidatam, dois em Viana e cinco em Braga, seja pela limitação de já terem cumprido três mandatos – com total de 12 anos – ou por simplesmente não pretenderem continuar à frente da autarquia. Embora outros atuais presidentes de Câmara possam perder as eleições, e não retomarem funções, é garantido que esta semana é a última nas funções para estes sete “edis”.
Dois dos cinco autarcas do distrito de Braga que não se recandidatam fazem-no por opção própria. E até partilham o mesmo apelido, mas não os mesmos partidos. Em Famalicão, após dois mandatos – oito anos -, Paulo Cunha (PSD/CDS) quer ‘entregar’ a gestão ao vereador Mário Passos (PSD/CDS) para “aproveitar em pleno” o Plano de Recuperação Económica pós-covid, regressando à profissão de professor universitário. Deixa uma autarquia onde a coligação de centro-direita liderou inquestionavelmente a intenção de votos nos últimos oito anos (em 2017 foi o presidente PSD mais votado no país). Já em Fafe, é Raul Cunha (PS) que também termina um ciclo de oito anos onde se assumiu como independente, embora sempre eleito por pouca margem (a primeira vez foi por 15 votos). Para o seu lugar concorre Antero Barbosa (PS).
Saída por opção própria
Paulo Cunha (PSD/CDS) – Famalicão
Mas vejamos a trajetória. Em Famalicão, Paulo Cunha sucedeu a Armindo Costa (PSD/CDS) em 2013, conquistando 58,55% do eleitorado, no total de 44.712 votos, a larga distância do PS (31,78%). Em 2017, o autarca renovou a maioria de forma estrondosa e tornou-se no presidente de Câmara do PSD mais votado em todo o país, com 67,67% (51.435 votos). O PS sofreu um rombo, terminando o sufrágio com 23,54%.
Raúl Cunha (PS) – Fafe
Em Fafe, onde o PS é poder desde 1979, Raúl Cunha venceu as eleições de 2013 por 15 votos de diferença (35,15% / 11.023 votos), contra uma lista encabeçada por dissidentes socialistas (35,10% / 11.008 votos), que mais tarde haviam de se juntar ao médico de profissão. Em 2017, Raúl Cunha voltou a enfrentar uma lista de dissidentes do partido que o apoia, vencendo, desta vez, por 179 votos (37,25% / 12.020 votos).
No Alto Minho, José Maria Costa (PS), presidente da Câmara de Viana do Castelo, não irá constar da lista de votos do próximo domingo, dia 26. É um dos dois presidente de Câmara do distrito que não se vão recandidatar, face à limitação de mandatos, a par de Víctor Mendes (CDS), em Ponte de Lima.
Limitação de mandatos
José Maria Costa (PS) – Viana do Castelo
O autarca cumpriu doze anos à frente da autarquia, depois de ter sucedido a Defensor Moura, também ele do PS, em 2009, quando conquistou 50,20% do eleitorado, num total de 25.786 votos, contra 35,12% da coligação PSD/CDS. Volvidos quatro anos, voltou a ganhar, mas perdeu a maioria em termos de percentagem (47,67%), conseguindo, no entanto, manter os cinco vereadores e o poder de decisão total no executivo. Em 2017, recuperou (e reforçou) a maioria inicial, recebendo 53,68% dos votos (25.235), contra 21,25% do PSD, assumindo um sexto vereador no executivo. No seu lugar, concorre Luís Nobre, vereador desde 2005 e presidente da concelhia do PS desde 2018.
Víctor Mendes (CDS) – Ponte de Lima
Outra caso de limitação de mandatos é o de Víctor Mendes, em Ponte de Lima. O autarca do CDS cumpre 12 anos à frente das hostes limianas e dará agora a vez ao vereador Vasco Ferraz. O atual presidente de Câmara foi eleito em 2009, sucedendo ao emblemático Daniel Campelo (CDS), com 64,26% do eleitorado, contabilizando 18.467 votos e a eleição de seis dos sete lugares de executivo. O PSD foi segundo com 19,66%. Em 2013, Mendes repetiu a vitória, desta vez com 54,30% (14.982 votos), ficando à frente do PSD, que obteve 15,8%. No último mandato (2017), Víctor Mendes elegeu-se com 52,11% (14.606 votos). Em segundo, desta vez, ficou o movimento independente liderado por Abel Baptista (ex-CDS), com 23,66%.
Miguel Costa Gomes (PS) – Barcelos
No distrito de Braga, são três os presidentes de Câmara que cumprem 12 anos de liderança municipal. Em Barcelos, Miguel Costa Gomes (PS) chega ao fim de três mandatos depois de ser eleito pela primeira fez em 2009, com 44,52% do eleitorado, um total de 34.911 votos. O socialista batia o PSD (43,35%) garantindo seis lugares no executivo contra cinco. Em 2013, Costa Gomes até subiu em termos de percentagem (46,03%) e conseguiu cavar um fosso para a coligação PSD/CDS/PPM (34,97%), mas obteve a confiança de menos eleitores (34.305 votos), muito graças a dissidentes do partido. Em 2017, a história repetiu-se, e o autarca voltou a ter menos votos (31.687). E menos percentagem (41,19%), mas voltou a reeleger-se para os últimos quatro anos. No seu lugar, avança Horácio Barra, nome confirmado depois de várias situações pouco pacíficas por entre a concelhia e a distrital.
António Vilela (PSD) – Vila Verde
Alguns quilómetros ao lado, no concelho vizinho, o autarca do PSD, António Vilela, cumpre a mesma trajetória, ao fim de 12 anos como presidente da Câmara. O social-democrata recebeu a herança do atual eurodeputado José Manuel Fernandes, em 2009, vencendo as autárquicas com 46,06%, totalizando 13.937 votos. O PS ficou-se pelos 32.62%. Quatro anos volvidos, em 2013, Vilela volta a vencer, mas com menos expressão (46,00%) e menos votos (13.418), frente a um PS que convenceu 43,28% do eleitorado. Em 2017, António Vilela ‘deu um salto’ e conseguiu a sua primeira maioria absoluta (51,97%), conquistando 15.155 votos, contra 35,52% do PS. No próximo dia 26, é Júlia Fernandes (PSD), vereadora há oito anos e esposa de José Manuel Fernandes, que disputa a cadeira que será deixada vaga pelo professor de profissão.
Joaquim Mota e Silva (PSD) – Celorico de Basto
Por fim, em Celorico de Basto, é Joaquim Mota e Silva (PSD) que abandona a cadeira do poder ocupada durante quase 30 anos pelo mesmo apelido, primeiro pelo pai Albertino Mota e Silva, desde 1993, e depois pelo próprio, desde 2009. Nesse ano, Mota e Silva (filho) conseguiu convencer 51,16% do eleitorado, recebendo 7.170 votos, mais do que o pai tinha conseguido na eleição de 2005. Em 2013, Mota e Silva deu ‘um salto’ extraordinário na percentagem (64,19%), conseguindo 7.866 votos. Quatro anos depois, acabou por descer para os 46,86% (5.669 votos), após surgir uma lista independente. Esta ano, a confiança do PSD vai para o candidato José Peixoto Lima.
As eleições autárquicas estão marcadas para o próximo dia 26 de setembro, um domingo, A campanha eleitoral decorre, segundo estipulado pela CNE, até às 23:59 horas da próxima sexta-feira.