Sete dos 12 arguidos que hoje começaram a ser julgados no Tribunal de Braga por tráfico de droga confessaram, total ou parcialmente, a prática dos crimes de que estão acusados, tendo cinco outros declarado que não queriam falar.
A acusação diz que traficavam estupefacientes nas zonas de Maximinos e de Ferreiros, mormente junto a cafés e pastelarias, junto à Escola Frei Caetano Brandão, ao pavilhão desportivo de Ferreiros, ao estacionamento do Leclerc, no Parque Radical ou perto da loja dos CTT e da estação de comboios.
Recorriam ainda, de noite, às gasolineiras da Repsol, da BP, ao parque do Continente e às zona de Gualtar e de Gondizalves. Iam, também, ao bairro das Parretas e estendiam-se a Martim e Pousa, em Barcelos.
Para além dos telemóveis, usavam as redes sociais, o Messenger, Instagram, Whatsup, Snpachat, e Telegram.
A acusação diz que vendiam canábis (resina), heroína, cocaína e MDMA (ecstasy), para consumo ou revenda. O MP aponta dois arguidos, em cada caso, como os fundadores de redes que se expandiram:
Gonçalo Martins, de Braga, que vendeu drogas entre 2014 e 2018, tinha como parceiro, Carlos Oliveira.
No caso de Maximinos, diz que Ricardo Antunes, ali residente, traficou durante 18 anos, entre 2001 e 2019, com apoio de cinco outros arguidos, em particular de Tiago Fernandes. Este adquiria, também, produto a Pedro Sampaio, de Guimarães.
Ao todo, a investigação detetou mais de 500 vendas – por cinco a 10 euros, em regra, mas, que podiam chegar aos 80 no caso de barras -, tendo elencado.
Linguagem codificada
Ao telefone, usavam linguagem codificada, com expressões como “tomar café, beber um fino, traz tabaco, ou arranja peixe, bilhetes para o Sporting, chocolate, xoco, terrinha”, etc.
Em ambos os processos, o jurista João Ferreira Araújo defende um dos principais envolvidos. Ao longo da vida já fez dezenas de julgamentos de tráfico…
200 testemunhas
O julgamento envolve 48 guardas, quatro deles da PSP, e 165 outras testemunhas. Sete arguidos estão em prisão preventiva
Aquando da detenção dos principais arguidos, a GNR apreendeu drogas e quatro carros, telemóveis, tablets, computadores, drogas, dinheiro, munições e artefactos ligados ao tráfico. O MP quer que sejam declarados como perdidos a favor do Estado
Para além das escutas, das imagens de vigilância, e dos autos de buscas domiciliária, o processo conta com dezenas de testemunhas.