Segunda audiência de julgamento marcada para dezembro. Dois dos quatro arguidos que começaram a ser julgados esta quarta-feira no Tribunal de Braga, por crimes de roubo qualificado e tentativa de extorsão, praticados na pessoa de um outro que lhes queria comprar um ‘taco’ de haxixe por dez euros, negaram o segundo crime, dizendo que nunca tentaram obrigá-la a entregar um relógio Rolex e as peças de ouro que tinha em casa.
Diogo M., de 19 anos, de Braga, que é defendido pelo advogado João Ferreira Araújo, diz que se dava bem com a alegada vítima e assumiu que o grupo lhe roubou dez euros e haxixe, dizendo que ele vende estupefacientes, mas negou que tivessem tentado forçá-lo – agredindo-o dentro de um carro – a ir a casa buscar o Rolex, valioso, e o ouro que tinha dito possuir nas redes sociais. “Foi apenas um negócio de droga”, afirmou.
Já Dinis S., de 21 anos, de Barcelos, foi mais evasivo no que toca à confissão de ambos os crimes, o que levou a Procuradora do Ministério Público a interrogá-lo com insistência, na mira de que confessasse. Sem êxito.
O julgamento prossegue com a audição dos arguidos Flávio S., de 22 anos, de Braga, Fernando B., de 23, da Póvoa de Varzim e da vítima.
Compra ‘haxe’ junto à UMinho
A acusação diz que, em fevereiro, a vítima, acompanhada de um prima, tentou, junto aos bares da UMinho, em Braga, adquirir droga a Diogo M., tendo este dito que não tinha, mas pedindo-lhe o número de telefone para a fornecer a seguir. Mas acabou encarcerado na viatura dos arguidos e espancado, para que lhes desse um relógio Rolex e as peças de ouro que possuía.
O magistrado concluiu que, “conhecedor, pelas redes sociais, de que tinha um ‘Rolex’ e peças em ouro, decidiu apoderar-se deles”.
Diz que esse arguido transmitiu o propósito criminal aos outros, e Dinis S., às 00:35 do dia 2, telefonou-lhe, dizendo que estava no McDonald’s, num BMW. O comprador foi lá, com a prima, e entrou na viatura.
Lá dentro, entregou-lhes os 10 euros para o haxixe. Entretanto, um dos arguidos saiu, ordenou à prima que se ausentasse, e voltou a entrar, de forma a que o ofendido ficasse ao meio, sem acesso às portas.
Aceitarem o dinheiro, mas não lhe entregaram o ‘haxe’ e conduziram até ao Picoto.
Socos e pontapés
No percurso, perguntaram-lhe insistentemente pela coleção de relógios, mas dando-lhe socos e pontapés porquanto não respondia. No local, revistaram-no, subtraindo-lhe 270 euros. A seguir, dirigiram-se à freguesia de Nogueira, exigindo os relógios e esmurrando-o no rosto e no corpo.
Já debilitado, acabou por dizer que tinha um ‘Rolex’ em casa. Aí, o arguido Dinis puxou o tronco da vítima para fora do carro, ficando este com as pernas no interior, e um outro, com uma navalha, cortou-lhe parte do cabelo enquanto um terceiro lhe agarrou o pescoço, executando o denominado ‘mata-leão’. A seguir, Fernando B. pegou numa orelha e encostou-lhe um objeto cortante, tendo os restantes impedido que a cortasse.
Aí, suplicou que parassem de lhe bater, altura em que lhe disseram que matariam a sua irmã, de 4 anos, se não lhes desse o relógio, ao que acedeu. Levaram-no a casa e estacionaram junto a uma bomba de gasolina, dizendo: “Tens um minuto para dares o relógio, senão entramos na tua casa e matamos a tua irmã à tua frente”.
O ofendido, receoso, correu a casa onde, aos gritos, instou a mãe, para que lhe entregasse o relógio. Aquela foi à janela verificar a presença do veículo, e aí, os arguidos, apercebendo-se disso, e de um veículo da PSP na zona, fugiram.
Agressor deseja-lhe melhoras
Nesse mesmo dia, pelas 09:16m, a vítima recebeu uma mensagem na rede social “Instagram” remetida pelo arguido Diogo F. com o seguinte teor: “Desculpa rei as melhoras pah ti a pah tua mãe, irmão fica bem”.