“Sempre torcemos o nariz” a fixar metas salariais

"sempre torcemos o nariz" a fixar metas salariais
Foto: Lusa

Os aumentos salariais devem ser associados ao crescimento económico, produtividade e inflação, diz o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, assinalando que sempre “torceu o nariz” a metas rígidas para os salários.

Em entrevista à Lusa, o presidente da CCP refere que os referenciais de aumentos salariais previstos no acordo da Concertação Social assinado com o anterior Governo em 2022 (e reforçados em 2023) devem ser revistos em função do andamento da economia.

“Uma das razões da revisão do acordo anual é precisamente para reanalisar, em função da evolução da economia, todas essas áreas”, afirma, acrescentando que “a Europa, neste momento, não está com uma grande saúde económica”, o que terá reflexo nas exportações portuguesas.

Tendo em conta este cenário, há referenciais que podem ser revistos “em baixa” e outros “não em baixa”, diz Vieira Lopes referindo que a valorização remuneratória, tal como a do salário mínimo nacional, deve ter em conta três variáveis: o crescimento da economia, a inflação e a produtividade.

“Como sabemos que o salário mínimo também tem um certo papel no combate à pobreza, admitimos que se possa fazer um ajustamento para além das fórmulas económicas”, indica o líder da confederação patronal.

No entanto, acrescenta, se se fizerem alterações “só por via administrativa, corre-se o risco de tudo suceder como já sucedeu em anos anteriores, que é um esmagamento cada vez maior entre o salário mínimo e o salário médio” criando “dificuldades na contratação coletiva, porque não se conseguem diferenciar categorias”.

“Portanto, não devemos fazer acordos com base em fórmulas rígidas”, sublinha.

Questionado sobre se concorda com a meta para o salário mínimo que consta no Programa do Governo, de atingir os 1.000 euros em 2028, Vieira Lopes responde: “Sempre torcemos o nariz, como se costuma dizer em linguagem popular, a marcar objetivos fixos desse tipo, portanto, a fazer compromissos fixos”.

“O salário mínimo deve ser visto anualmente em função dos indicadores. E depois, com uma margem de manobra em função do papel que tem de combater a pobreza”, reforça Vieira Lopes.

No Programa do Governo, o executivo da AD tem como objetivo que o salário mínimo nacional, que atualmente é de 820 euros, atinja os 1.000 euros no final da legislatura (em 2028), com aumentos baseados na inflação e nos ganhos de produtividade, e que o salário médio seja de cerca de 1.750 euros.

No acordo da Concertação Social assinado em outubro de 2022 pela maioria dos parceiros sociais, foram fixadas metas para que o salário mínimo atinja 900 euros em 2026.

Quanto aos referenciais para os aumentos salariais, o acordo de 2022 previa valorizações de 4,8% para 2024, mas este valor foi reforçado em outubro de 2023 para 5%, tendo em conta a inflação.

Para 2025 e 2026, o acordo prevê referenciais de aumentos de 4,7% e 4,6%, respetivamente.

 
Total
0
Shares
Artigo Anterior
Portas diz que passos coelho via na "troika" um "bem virtuoso" e ele um "mal necessário"

Portas diz que Passos Coelho via na "troika" um "bem virtuoso" e ele um "mal necessário"

Próximo Artigo
Nuno lobo espera melhorar votação de 2020 nas eleições do fc porto

Nuno Lobo espera melhorar votação de 2020 nas eleições do FC Porto

Artigos Relacionados