O homem que deu vinho misturado com álcool etílico a um sem-abrigo que acabou por morrer, no Campo da Vinha, em Braga, foi hoje condenado a seis anos e meio de cadeia. Terá ainda de pagar uma indemnização de 68 mil euros à viúva.
Paulo Moreira Ribeiro, de 36 anos, esteve acusado de homicídio, mas acabou pronunciado por ofensas à integridade física qualificada, agravadas pelo resultado.
No dia da morte, diz o despacho de pronúncia, Paulo foi, com outro homem já falecido, a um supermercado da zona, onde comprou um pacote com um litro de vinho (com 10,5 % de álcool) e uma garrafa de álcool etílico, a 96 %. Feita a mistura o grupo de três sem-abrigo continuou a ingeri-la, até que a vítima morreu no local.
Paulo, conhecido por “O Gordo”, da Póvoa de Lanhoso e residente em Matosinhos, le mesmo um antigo consumidor de álcool, deu vinho, misturado com álcool etílico (operação a que na gíria se chama de ‘batizado’), a três amigos que já estavam embriagados e incitou-os a beber. Um deles morreu no local, o Campo da Vinha em Braga e os outros dois foram levados para o Hospital, um em coma alcoólico.
O arguido, que tinha andado em tratamento alcoólico e deixara de beber, costumava juntar-se às quartas-feiras com os outros quatro – todos eles a dormir na rua e dependentes da bebida – o falecido João Paulo Silva, o José Rui Cruz, o João Baptista Rodrigues e o António Gomes da Silva. Este último que, entretanto, deixou a situação de sem-abrigo, por viver em casa de um amigo, em São Vítor, contou ao Tribunal que viu o Paulo a trazer o vinho e o álcool puro e que este lhe pediu um copo, onde deitava a mistura e a dava a beber aos outros.
Foi isto em 17 de julho de 2019: estando juntos nos bancos de jardim daquela praça, o Paulo, com outro colega, de nome António, foi a um supermercado da zona, onde compraram, cada um, um pacote com um litro de vinho (com 10,5 % de álcool) e uma garrafa de álcool etílico, a 96 %.
Misturaram os dois produtos e o arguido deu-o a beber aos outros três, que já estariam quase embriagados: ”bebe, bebe, pega mais!”, terá insistido, – diz a acusação – enquanto ele próprio bebia uma cerveja sem álcool.
Inanimado, mas incitado a beber
Vendo a cena degradante, alguns transeuntes e clientes do café/bar Nova da Praça, incluindo o seu dono, – que testemunhou em Tribunal nesse sentido dizendo que “ele já estava quase inanimado, mas o arguido incitava-o a beber” – instaram o arguido a parar de dar a mistura aos outros: “não tenho problema! Eu já de lá venho! Estive preso e não tenho problema em voltar para lá”!
Um dos cidadãos presentes ameaçou, então, agredi-lo com um murro e que o levou a sair do local.
Meia hora depois, João Paulo Silva faleceu no local, e os outros dois foram de ambulância para o Hospital, um com quatro gramas de álcool por litro, no sangue e o outro com 0,7.