O SC Braga emitiu esta sexta-feira um comunicado sobre a situação do ex-jogador Mauro. A direção alega que o brasileiro traiu a confiança do clube ao pedir uma indemnização sem qualquer sustentanção legal.
Mauro anunciou recentemente que colocou um ponto final na carreira. O brasileiro sofreu uma grave lesão em 2016, revelou que teve a vida em perigo e correu o risco de amputar uma perna.
O SC Braga diz que decidiu não pôr termo ao contrato do brasileiro, mesmo depois de a seguradora responsável e o seu departamento médico terem atribuído ao jogador a “incapacidade absoluta e definitiva para a atividade desportiva”.
O clube refere que colocou todos os esforços na reabilitação do jogador, apesar da noção de que a carreira de Mauro estava irremediavelmente comprometida.
Leia na íntegra o comunicado do SC Braga:
“Como é do conhecimento público, o jogador Mauro sofreu no dia 28 de novembro de 2016, no encontro frente ao CD Feirense, uma rutura do ligamento cruzado anterior do joelho direito. Da intervenção cirúrgica a que foi submetido resultou uma infeção bacteriana que impediu a continuidade da sua carreira.
Em função da fragilidade do quadro físico e psicológico do jogador e da missão assumida por todo o clube de colocar todos os esforços na reabilitação do homem, a informação prestada para o exterior foi cuidadosamente filtrada, preservando o atleta, o seu estado emocional e a sensibilidade da situação.
O SC Braga, a sua Direção e os seus profissionais, obviamente alheios à fatalidade sofrida pelo jogador Mauro, colocaram todas as suas capacidades e todos os seus recursos em prol deste. Desde logo, e em primeira instância, no que toca ao apoio clínico. Apesar da noção de que a carreira do atleta estava irremediavelmente comprometida, este esteve sempre integrado junto do plantel principal e teve um acompanhamento dedicado, em todos os momentos, no sentido de recuperar o máximo das faculdades físicas e motoras.
Tendo o empenho consagrado pelo Departamento Médico sido extremo, foi igualmente prestado todo o aconselhamento e apoio jurídico para que, comprovada a sua inaptidão para o prosseguimento da carreira, fossem asseguradas a totalidade das compensações devidas ao abrigo da lei. O próprio Mauro não deixará de reconhecer que toda a estrutura do SC Braga, da Direção e da Administração a todos os Departamentos e funcionários, foi absolutamente inexcedível no apoio prestado e no acompanhamento contínuo e permanente do seu processo.
No dia 7 de dezembro de 2017, a seguradora responsável e o seu departamento médico atribuíram ao jogador Mauro alta médica com incapacidade absoluta e definitiva para a atividade desportiva. Posto tal facto, o SC Braga poderia desobrigar-se perante o atleta e do contrato que o vinculava até 30 de junho de 2018. Tal não sucedeu, tendo o clube comunicado ao jogador que continuaria a prestar-lhe, nas suas instalações, todo o apoio clínico necessário, garantindo-lhe igualmente a totalidade do valor correspondente às remunerações ao abrigo do contrato.
Foi-lhe também informado que, atempadamente, o SC Braga entendia ser devida uma cerimónia de homenagem ao jogador, que obviamente envolvesse a massa adepta e permitisse a transição para uma nova etapa no seu percurso profissional, que a Direção pretendia que se desenrolasse ao serviço do clube, respeitando as suas possibilidades físicas e o melhor interesse de ambas as partes.
Perante este quadro, sempre colocado de forma transparente e em concordância com o atleta, foi com surpresa que desde o dia 24 de abril de 2018 se registou a ausência, sem qualquer aviso prévio, do jogador Mauro aos tratamentos que lhe vinham sendo prestados no Estádio Municipal. No mesmo dia – e de forma ainda mais surpreendente – a SC Braga, SAD tomou conhecimento, malgrado a prestação de um apoio muito para além das obrigações contratuais a que estava adstrita, que o atleta, certamente mal aconselhado, iria demandar e reclamar uma compensação financeira não apenas à seguradora, mas também à sociedade desportiva.
Tal atitude, sem qualquer sustentação legal, não pôde deixar de ser encarada como uma demonstração de deslealdade e de ingratidão para com o SC Braga e toda a sua estrutura, constituindo um gesto totalmente inesperado e do qual se tem de extrair uma intenção de causar dano à instituição, reclamando-lhe compensações indevidas e exibindo uma flagrante má-fé que traiu a confiança que existia entre as partes e que sustentou todo o apoio que durante 17 meses lhe foi prestado na fase mais crítica da sua vida profissional e pessoal.
Neste contexto, e para profunda desilusão de todos os responsáveis e de todos os funcionários do clube, foi consensual a perceção de que deixavam de estar reunidas as condições de fidelidade entre as partes para que prosseguisse o apoio que vinha sendo prestado ao jogador e para que se concretizassem os projetos que o clube tinha formulado para que este continuasse a servir o emblema do SC Braga.
Tal desfecho, que a todos entristece, foi contudo entendido como irreversível, lamentando-se profundamente que os valores humanos que sempre reconhecemos no Mauro tenham sido por ele traídos, se calhar também por um mau aconselhamento, certamente prestado para benefício e valorização individual de quem procurou colocar o SC Braga e o atleta em lados opostos”.