Decorre esta sexta-feira a primeira sessão parlamentar da XIV legislatura, com 25 eleitos pelo Minho por entre os 230 deputados que marcam presença na Assembleia da República.
Com 19 lugares eleitos pelo distrito de Braga e seis por Viana do Castelo, existem dez caras novas no hemiciclo máximo da democracia portuguesa, no total de 16 homens e nove mulheres. Por entre os 19 deputados eleitos por Braga, dois não são residentes nem nasceram no distrito.
As estreias
O Bloco de Esquerda (BE) é quem apresenta um rácio maior nas estreias, (100%) Dois professores, ambos dirigentes do Sindicato de Professores do Norte.
Alexandra Vieira, 52 anos, professora de história, é deputada na Assembleia Municipal de Braga, onde deixou marca aguerrida em relação a várias batalhas contra o executivo de Ricardo Rio.
Vice-presidente da Civitas Braga, foi uma das vozes que se levantou contra o abate de árvores no centro da cidade. Chegou a abraçar uma árvore centenária durante o processo de abate da mesma, numa urbanização privada na cidade. É dirigente nacional do BE.
José Maria Cardoso, 58 anos, professor de geografia, já tinha sido cabeça de lista por Braga em 2002 e segundo candidato em 2005 e 2009, mas nunca foi eleito.
Com a saída de Ilídio Torres do partido, os bloquistas recorreram novamente ao professor para lançar candidatura ao parlamento, e logo como cabeça de lista. Foi candidato à Câmara em 2017 pelo BE.
Partido Socialista com duas novas deputadas em Viana. Maria Begonha, de Lisboa, é a única estreia socialista no parlamento a representar Braga
Maria Begonha, 30 anos, foi o nome menos consensual das diversas concelhias do PS no distrito de Braga.
A líder da JS nada tem que a ligue ao distrito, exercendo funções como deputada (2013-2016) e assessora na Câmara de Lisboa. É licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais pela Universidade Nova de Lisboa.
Anabela Rodrigues, 46 anos, é uma das duas estreias socialistas no distrito de Viana do Castelo. Psicóloga forense, cumpriu seis anos como vereadora de oposição na Câmara de Valença, de onde é natural.
Tem o marco de ter sido a primeira mulher candidata pelo PS a uma câmara no distrito de Viana, não sendo eleita. É mestre em Psicologia e Saúde através da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto.
Marina Gonçalves não perdoa. A advogada de Caminha, com 31 anos, chega ao parlamento e, na primeira sessão, já foi eleita vice-presidente do grupo parlamentar dos socialistas.
Licenciada em direito pela Universidade do Porto, mestre em direito administrativo, foi assessora jurídica daquele grupo parlamentar entre 2011 e 2015. Exercia funções como chefe de gabinete do ministro das Infraestruturas Nuno Santos.
Partido Social Democrata (PSD) com três vereadores e um presidente de Câmara. E o regresso de Eduardo Teixeira por Viana
Gabriela Fonseca, para além da cor partidária, tem ainda dois pontos em comum com o deputado anterior. Para além da idade (61), também deixa a vice-presidência de uma autarquia (Póvoa de Lanhoso) para cumprir mandato na AR.
Natural de Braga, estudou Gestão na Universidade do Minho
A possibilidade Ana Maria Silva
Com a saída para o Governo do deputado socialista José Mendes, eleito por Braga, abrem-se as portas do parlamento à barcelense Ana Maria Silva.
A ex-vereadora da ação social da Câmara de Barcelos (primeiro mandato de Costa Gomes) pode assim estrear-se no parlamento, embora não esteja entre o primeiro lote de deputados eleitos.
O regresso de Eduardo Teixeira
Eduardo Teixeira é o regresso anunciado por entre os 25 deputados. Aos 47 anos, o presidente do PSD de Viana do Castelo regressa ao parlamento quatro anos depois de ter cumprido o seu primeiro mandato.
É diretor bancário e pós-graduado em Gestão Financeira Internacional.
Oito reeleitos no PS, cinco no PSD e Telmo Correia segura CDS em Braga
O Partido Socialista foi quem menos alterou as listas da anterior legislatura. Em Braga, houve apenas uma mudança. Já o Partido Social Democrata reelegeu quatro ‘repetentes’ em Braga, metade dos eleitos, enquanto que em Viana elegeu apenas uma cara da legislatura anterior. O CDS reelegeu Telmo Correia no distrito bracarense.
Emília Cerqueira foi a única resistente do Alto Minho na bancada ‘laranja’ da anterior legislatura. A advogada de 48 anos foi conselheira contra a discriminação racial na anterior legislatura.
O anterior mandato ficou marcado negativamente em 2018 depois de uma polémica relacionada com presenças fantasma no parlamento, quando terá “marcado ponto” com o código de outro deputado que não estava presente na sessão.
Clara Marques Mendes, advogada, vai para o seu terceiro mandato a representar o distrito de Braga.
Natural de Fafe, a deputada de 49 anos, filha de António Marques Mendes, já integrou três comissões parlamentares desde 2011, ano da primeira eleições.
Emídio Guerreiro, psicólogo e gestor natural de Guimarães, vai para o quinto mandato como deputado, aos 54 anos.
É deputado na Assembleia Municipal de Guimarães, liderada pelo PS. Já pertenceu a um governo, com as funções de secretário de Estado do Desporto, entre 2002 e 2005.
Jorge Paulo Oliveira, advogado de Famalicão, vai para o seu terceiro mandato na AR. Advogado, exerceu funções como vice-presidente da Câmara de Famalicão entre 2002 e 2006, no primeiro mandato de Armindo Costa.
Atualmente exerce funções como deputado na Assembleia Municipal de Famalicão, onde tem sido uma voz bastante crítica para com o Governo de António Costa.
Rui Silva, professor natural de Braga, é reeleito para um segundo mandato como deputado aos 54 anos. A braços com uma acusação na justiça, a envolver a venda de uma escola profissional, terá assegurado a Rui Rio que deixará o mandato caso seja condenado.
Foi presidente do PSD de Vila Verde até 2019 e é mestre em Língua Portuguesa.
Palmira Maciel, professora de biologia e geologia, cumpre o segundo mandato na AR. Antiga presidente da Junta de Lamaçães e vereadora na Câmara de Braga no tempo de Mesquita Machado, pertenceu, na última legislatura, à comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.
Aos 59 anos, é uma das figuras mais importantes da distrital socialista em Braga.
Sónia Fertuzinhos é eleita deputada há 25 anos (desde 1995). Natural de Guimarães, mulher do antigo ministro Vieira da Silva, é a mais veterana entre as mulheres minhotas nos círculos de poder e a única que ultrapassou a marca dos cinco mandatos na AR.
Licenciada em Relações Internacionais e Políticas, é pós-graduada em Estudos Europeus. Tem 46 anos.
Luís Soares, jurista com 36 anos, é reconduzido no parlamento pelo círculo de Braga.
Natural de Guimarães, é pós-graduado em Administração e Gestão de Turismo.
Hugo Pires, arquiteto da concelhia do PS de Braga, de onde é natural, cumpre o terceiro mandato legislativo aos 40 anos.
Foi responsável pelas comissões de Economia, Inovação e Obras Públicas, num primeiro mandato, e da comissão relacionada com Habitação, o que lhe valeu críticas na cidade natal após um despejo de uma loja de comércio histórico.
Nuno Sá, 43 anos, cumpre o quinto mandato como deputado PS pelo distrito de Braga. Natural de Ribeirão, concelho de Famalicão, foi candidato à câmara local pelos socialistas, perdendo para Paulo Cunha (PSD), sendo eleito vereador.
O Técnico Superior de Funções Públicas participou na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa no último mandato no Parlamento.
Aos 68 anos, o engenheiro Joaquim Barreto, presidente da distrital socialista em Braga, é reeleito para um segundo mandato no parlamento.
Antigo presidente da Câmara de Cabeceiras de Basto, foi presidente da comissão de Agricultura e Mar na anterior legislatura e um dos coordenadores dos trabalhos relativos aos incêndios florestais.
Telmo Correia, aos 59 anos, é o outro veterano da Assembleia da República, com mais de cinco mandatos cumpridos. Natural de Lisboa, foi eleito pelo círculo eleitoral de Braga, algo que já tinha sucedido em 2015.
Foi vice-presidente da Assembleia da República, vereador da Câmara de Lisboa e membro da Delegação Portuguesa no Conselho da Europa. É o veterano resistente do CDS no parlamento.
Eleitos mas já têm lugar garantido no Governo
José Mendes, de Braga, também poderia ser uma estreia na bancada parlamentar, mas já foi anunciado por António Costa que irá ocupar a secretaria de Estado do Planeamento, abrindo assim portas para Ana Maria Silva, que o irá substituir no parlamento.
Foi vice-reitor da Universidade do Minho entre 2009 e 2015, altura em que assumiu a pasta do Ambiente como secretário de Estado Adjunto de António Costa.
Tiago Brandão Rodrigues voltou a ser reeleito para o Parlamento mas já tem lugar marcado no novo Governo de António Costa.
O investigador científico é reconduzido na pasta da Educação e abre lugar, ao que tudo indica, para José Carpinteira, que regressa ao parlamento.