O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse, esta segunda-feira, à Lusa que não teve intenção de criticar nem denegrir o tecido empresarial português durante uma intervenção pública, na qual disse ter apenas identificado problemas.
“Há um equívoco que tem de ser sanado; não foi nada a minha intenção criticar o tecido empresarial português, e muito menos denegri-lo”, disse Santos Silva, respondendo às críticas feitas pelo presidente da Confederação Industrial Portuguesa, António Saraiva.
“Não fiz críticas, identifiquei dois problemas que afligem algumas empresas portuguesas, e identifiquei-os perante uma plateia de jovens portugueses pós-graduados e doutorados residentes no estrangeiro, no decurso de uma sessão de trabalho cujo tema era o emprego dos doutorados na indústria portuguesa”, contextualizou o ministro.
Na sexta-feira, Santos Silva tinha dito que um dos principais problemas das empresas portuguesas é “a fraquíssima qualidade da sua gestão”.
O governante considerou então que o problema principal das empresas portuguesas “está na sua descapitalização”, com uma banca nacional “que só gosta de emprestar dinheiro para compra de casa”, acrescentando, na sessão de encerramento do 8.º Fórum Anual de Graduados Portugueses no Estrangeiro (GraPE 2019), que decorreu no Departamento de Matemática da Universidade de Coimbra, que a segunda fonte de problemas é a “fraquíssima qualidade” da gestão das empresas.
Nas declarações à Lusa, esta segunda-feira, Santos Silva afirmou: “Quando vi o resumo que foi feito da sessão de trabalho, é-me atribuída uma generalização que é indevida, porque não se pode dizer que é um problema das empresas a fraca qualidade da gestão, é um problema de algumas empresas portuguesas, e sobretudo é um problema que os nossos jovens pós-graduados e doutorados podem contribuir para resolver”.
O ministro disse que, em Coimbra, incentivou “os jovens doutorados a participarem mais na economia portuguesa, dizendo-lhes que havia dois grandes problemas que afligiam as empresas industriais portuguesas, sendo um a falta de capital, e outro a qualidade da gestão”.
Sobre o primeiro, acrescentou, “não podem resolver porque os doutorados não são propriamente detentores de capital, mas quanto à qualidade da gestão, não no sentido da administração, mas também do conjunto de quadros superiores e intermédios que fazem uma empresa, têm um papel fundamental, porque essa melhoria faz-se com talento”.
Nas declarações à Lusa, Santos Silva concluiu: “Não tenho estados de alma sobre a comunicação, quando dizemos uma coisa e as pessoas percebem outra, há um erro de comunicação da nossa parte, eu assumo esse erro, penitencio-me por isso porque não foi minha intenção fazer generalizações que são sempre abusivas, e muito menos criticar ou denegrir seja quem for; a minha única preocupação é não disfarçar e identificar os problemas, sobretudo quando estamos a trabalhar com um conjunto de jovens que, aliás, intervieram, muitos deles dizendo o quão dececionados ficaram quando lhes ofereceram trabalho remunerado a menos de 1.000 euros mensais”.