Samuel Pinto Monteiro (“Samaritano”) ficou em prisão preventiva, no caso da guerra dos gangues nos bairros de Braga, assim como dois outros elementos conotados com o Grupo das Enguardas, Sandro Joel Garcia Pinto (“Joelinho”) e Rui Alexandre Carvalho (“Fire”).
A PJ de Braga deteve aqueles que são considerados os principais suspeitos do “Grupo das Enguardas”, apoiado pelo “Grupo do Picoto”, em operação auxiliada pela PSP de Braga, cinco jovens, residentes nos bairros camarários das Enguardas e do Picoto, alargando-se as buscas e as detenções a zonas periféricas, como às Fontainhas e a Montélios, em Braga, diligências que foram já presididas pelo juiz de instrução criminal, Pedro Miguel Vieira.
Para a PJ, decorridos dez meses do primeiro de uma série de tiroteios, que causaram uma onda de insegurança, em Braga, nos sucessivos ataques, com armas de fogo de calibre de guerra, “os disparos não provocaram a morte das vítimas por mero acaso”, porque foram quase sempre efetuados à queima-roupa e “o móbil dos crimes relaciona-se com disputas recorrentes, entre grupos com as moradas em aglomerados populacionais distintos, tendo resultado em agressões mútuas, algumas com recurso a armas de fogo”, segundo diz a PJ.
Esta guerra sem quartel pelos territórios de Braga, para além de poder estar ligada com o facto de alguns elementos dos grupos rivais estarem conotados com práticas de crimes do mesmo género, como o tráfico de droga, terá sido agravada, quando a antiga companheira de um dos mais proeminentes elementos do “Grupo das Enguardas” alegadamente passou a privar com um membro do rival “Grupo do Fujacal”, que foi tido como uma provocação.
Vítima baleada sem nada ter a ver com o caso
O primeiro caso foi cometido na noite de 5 de setembro de 2020, quando jovens dentro de um carro, atingiram na Praça dos Arsenalistas, o “coração” do Bairro do Fujacal, três jovens, Henrique Lima Marquês, Ricardo Jorge Queiroz Rodrigues e Nélson Jorge Castro Rocha Macedo, o primeiro com um tiro, já o segundo dois disparos e o terceiro três tiros, sendo que este último, Nélson Macedo, nada tem que ver com nenhum dos grupos rivais.
Em 18 de março deste ano, após uma alegada provocação do Grupo do Fujacal no Bairro das Enguardas, elementos deste último, que terão sido ameaçados com armas de fogo, em seguida foram à Rua Garcia de Orta, na freguesia de Nogueira, onde crivaram de projeteis de espingarda caçadeira a residência dos pais e de um dos membros do Grupo do Fujacal.
A última situação verificou-se já na madrugada de 28 para 29 de maio, na zona dos bares académicos de Braga, ferindo um jovem de ascendência africana, Elton Mapiche, que foi baleado numa perna, num braço e na anca, sendo a quarta vítima entre os elementos do “Grupo do Fujacal”, cujas autoridades policiais atribuem a autoria deste ataque, tal como o de 5 de setembro do ano passado, aos dois rivais Grupos, o das Enguardas e o do Picoto.
Em causa estão os ataques a tiro desferidos contra três rivais, estes do “Grupo do Fujacal”, que ficaram feridos, mais tarde foram igualmente detidos, encontrando-se todos em prisão preventiva ou em prisão domiciliária, Davide Chilombo Portela, Rilker Richard Almeida e Henrique Lima Marquês, pois são também suspeitos de terem baleado os agora detidos, em anteriores recontros aos tiros, que deixaram em todos os casos alarme social em Braga.
Para o Ministério Público, estas situações têm vindo a ocorrer numa “tentativa de controlo territorial” e de “afirmação da hegemonia” de um grupo em relação ao seu rival, o que se iniciou nas redes sociais, mas rapidamente passou para a rua com tiros de armas de calibre de guerra, que “só por acaso não terminaram numa tragédia” entre os contendores e ainda transeuntes, inclusivamente crianças, que brincavam na rua, aquando do primeiro ataque, ocasião em que Nélson Jorge Castro Rocha Macedo foi o mais atingido a tiro, sem nada ter a ver com o caso, pois nessa noite ia a passar em direção ao seu automóvel, depois de participar numa festa de aniversário, que tinha decorrido igualmente no Bairro do Fujacal.