O salário bruto total mensal médio em Portugal diminuiu 0,6% em termos reais no primeiro trimestre, face ao mesmo período de 2022, sendo que apenas o setor privado registou acréscimos reais nas remunerações, divulgou hoje o INE.
“Em termos reais, tendo por referência a variação do Índice de Preços do Consumidor, a remuneração bruta total mensal média diminuiu 0,6%, assim como a sua componente regular [que exclui subsídios de férias e Natal, sendo, portanto, menos sazonal], enquanto a componente base diminuiu 0,4%”, apontam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Estes resultados abrangem 4,5 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações, mais 4,2% do que no mesmo período de 2022.
De janeiro a março, em termos homólogos, a remuneração bruta total mensal média por trabalhador (por posto de trabalho) aumentou 7,4%, para 1.355 euros, tendo as componentes regular e base daquela remuneração subido 7,3% e 7,6%, situando-se em 1.211 euros e 1.138 euros, respetivamente.
Contudo, ajustando para a inflação, medida pela variação do Índice de Preços no Consumidor (IPC), que foi de 8,0% no trimestre terminado em março de 2023, as remunerações total, regular e base registaram, respetivamente, reduções homólogas reais de 0,6%, 0,6% e 0,4%, respetivamente.
Em relação a março de 2022, o INE refere que os maiores aumentos da remuneração bruta total mensal média foram observados nas ‘atividades dos organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais’, nas empresas de um a quatro trabalhadores (8,6%), no setor privado (8,3%) e nas empresas de ‘serviços de mercado com forte intensidade de conhecimento’ (10,5%).
“Não foram observadas variações negativas da remuneração bruta total mensal média, tendo as menores variações homólogas sido observadas nas atividades de ‘Administração Pública e Defesa; Segurança Social Obrigatória” (3,6%), nas empresas com 250 a 499 trabalhadores (4,4%), no setor das Administrações Públicas (5,4%) e nas empresas de ‘serviços financeiros com forte intensidade de conhecimento’ (4,2%).
De acordo com o INE, no primeiro trimestre a remuneração total variou entre 857 euros nas atividades de ‘agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca’ e 3.064 euros nas atividades de ‘eletricidade gás, vapor, água quente e fria e ar frio’, tendo também sido estas secções a registarem os valores mais baixos e mais altos nas remunerações regular e base.
No período em análise, a remuneração total das Administrações Públicas (AP) aumentou 5,4%, passando de 1.676 euros em março de 2022 para 1.765 euros um ano depois, enquanto a componente regular aumentou 5,0% para 1.670 euros, e a remuneração base subiu 5,4% para 1.579 euros.
Contudo, considerando o efeito da inflação, em termos reais, as remunerações total, regular e base nas AP diminuíram 2,5%, 2,8% e 2,4%, respetivamente.
Já no setor privado, o INE nota que “as remunerações aumentaram de forma mais expressiva: a remuneração total registou uma variação homóloga de 8,3%, de 1.176 euros em março de 2022 para 1.274 euros um ano depois”.
Aqui, a componente regular aumentou 8,5%, para 1.119 euros, e a remuneração base aumentou 8,8%, para 1.051 euros.
“Neste setor foram observados aumentos homólogos reais nos três tipos de remuneração: 0,3% na total, 0,5% na regular e 0,7% na base”, destaca o instituto estatístico.
De acordo com a análise do INE, as diferenças nos níveis remuneratórios médios entre o setor das AP e o setor privado “refletem, entre outras, diferenças no tipo de trabalho realizado e nas qualificações dos trabalhadores que os integram”.
“Com efeito, verifica-se que os trabalhadores do setor das AP têm, em média, níveis de escolaridade mais elevados: 55,2% dos trabalhadores neste setor tinham ensino superior (22,7% no setor privado), 26,6% tinham completado o ensino secundário ou pós-secundário (32,4% no setor privado) e 18,3% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico (44,9% no setor privado)”.