O ruído gerado pelos transportes rodoviário, ferroviário e aéreo prejudica a capacidade de leitura de mais de 500 mil crianças e jovens na Europa, estima a Agência Europeia do Ambiente, que alerta também para o impacto no comportamento.
De acordo com um relatório publicado hoje, mais de um em cada cinco europeus está exposto ao ruído dos transportes, com efeitos negativos a longo prazo.
Um dos grupos particularmente afetados é o das crianças e jovens entre os 6 e os 17 anos, com impacto no seu comportamento e capacidade de leitura.
Segundo as estimativas da Agência Europeia do Ambiente (EEA, na sigla em inglês), que tem por base dados reportados pelo centro europeu para a Saúde Humana e Ambiente, perto de 550 mil casos de dificuldades de leitura estarão relacionados com o ruído dos transportes.
A maioria, cerca de 84%, está associada ao ruído do trânsito rodoviário, seguindo-se os transportes ferroviário (15%) e aéreo (1%).
Além dos efeitos na capacidade de leitura, a EEA estima que perto de 60 mil crianças e jovens apresentam dificuldades comportamentais devido ao ruído dos transportes, sobretudo rodoviário e dentro das áreas urbanas.
A publicação refere ainda que as crianças que vivem ou estudam em áreas afetadas pelo ruído dos transportes tendem a ter um desempenho mais baixo na leitura e mostram maiores dificuldades comportamentais.
“Para minimizar de forma eficaz a exposição ao ruído proveniente de meios de transporte, sobretudo para populações vulneráveis, como as crianças, é crucial centrar em medidas a montante, destinadas a reduzir o ruído na fonte”, refere o relatório.
Nesse âmbito, a EEA recomenda, por exemplo, a redução dos limites de velocidade, do ruído do motor e pneus, e a implementação de restrições operacionais para aviões e comboios.
A agência sugere também uma estratégia a longo prazo para minimizar a exposição ao ruído, com o desenvolvimento de zonas tampão e a proteção de áreas sensíveis ao ruído dentro das estruturas, colocando as salas de aula e quartos das crianças tão afastados quanto possível de estradas movimentadas.
“Algumas medidas, como a criação de zonas verdes tranquilas, podem ter benefícios paralelos claros em termos de melhoria da qualidade do ar, adaptação às alterações climáticas e bem-estar”, acrescenta.
O plano de ação da União Europeia para a poluição zero pretende reduzir em 30% até 2030 o número de pessoas cronicamente afetadas pelo ruído dos transportes, em comparação com 2017, mas a EEA antecipa que a meta não será alcançada.