Rui Tavares diz que Montenegro está a fazer “autêntica chantagem” ao país

Livre disponível para integrar uma “solução de esquerda”
Foto: Lusa

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, disse hoje que o primeiro-ministro está a fazer uma “autêntica chantagem” ao país e reafirmou que o partido votará contra a moção de confiança, vincando estar disponível para integrar uma “solução de esquerda”.

“O Livre sempre disse que é parte da solução havendo uma maioria de esquerda, mas, para isso, é preciso que haja uma maioria de esquerda antes”, explicou, sublinhando ser normal que os partidos concorram sozinhos em eleições legislativas e, depois, avaliem que maiorias são possíveis compor no parlamento para governar.

Rui Tavares falava aos jornalistas no Funchal, antes de uma reunião com duas associações ambientalistas madeirenses, no âmbito da campanha da candidatura do Livre às eleições antecipadas de 23 de março na região autónoma, encabeçada por Marta Sofia.

O porta-voz do Livre considera que o primeiro-ministro, Luís Montenegro, “está a fazer uma autêntica chantagem ao país”, através da moção de confiança apresentada pelo Governo minoritário PSD/CDS-PP, com debate na terça-feira e chumbo anunciado, já que PS e Chega não a viabilizarão.

“O que ele está a fazer, pondo o seu interesse pessoal à frente do interesse coletivo, é forçar o país a uma escolha em eleições, em que, na verdade, os eleitores vão ter de fazer de juízes e de procuradores e de decidir se é ético ou não é ético absolverem ou não absolverem o primeiro-ministro”, disse.

Rui Tavares sublinhou que Luís Montenegro não poderá contar com a confiança institucional do parlamento, insistindo que devia demitir-se porque a sua imagem, em termos éticos, “não está, neste momento, a ser a adequada para alguém que precisa de presidir aos destinos de um país”.

A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, – e que passou esta semana apenas para os filhos de ambos – levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.

“O Livre está disposto, em primeiro lugar, a ajudar o país a sair da crise em que está, a dignificar a democracia, a honrar a política no parlamento e fora dele e a dizer a toda a gente que não, certas coisas não são normais”, disse Rui Tavares, avisando que não é normal o primeiro-ministro ter uma empresa que “dá todas as aparências de ser uma empresa de fachada”, nem é normal receber avenças e ocultar a situação.

Em relação às eleições antecipadas na Madeira, o porta-voz do Livre disse que, tal como a nível nacional, o partido tem a “coragem” de dizer que não é normal governar a região como o PSD a tem governado desde 1976.

“A Madeira tem talento, tem qualidade, tem capital humano, tem recursos naturais, tem tudo o que é necessário para poder desenvolver-se de outra forma, com mais transparência, com mais integridade, com mais valor social e é isso que a candidatura do Livre traz”, afirmou.

As legislativas da Madeira, as terceiras em cerca de um ano e meio, decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo único: CDU (PCP/PEV), PSD, Livre, JPP, Nova Direita, PAN, Força Madeira (PTP/MPT/RIR), PS, IL, PPM, BE, Chega, ADN e CDS-PP.

As eleições antecipadas ocorrem 10 meses após as anteriores, na sequência da aprovação de uma moção de censura apresentada pelo Chega – que a justificou com as investigações judiciais envolvendo membros do Governo Regional, inclusive o presidente, Miguel Albuquerque (PSD) – e da dissolução da Assembleia Legislativa pelo Presidente da República.

O PSD tem 19 eleitos regionais, o PS 11, o JPP nove, o Chega três e o CDS-PP dois. PAN e IL têm um assento e há ainda uma deputada independente (ex-Chega).

 
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