O porta-voz do Livre, Rui Tavares, considerou hoje chocante a decisão do Governo de adiar as celebrações relativas ao 25 de Abril, justificada com o luto nacional pelo Papa Francisco, acusando o executivo de desrespeitar a democracia.
“Apelo a que o Governo veja a luz e perceba que deixar de celebrar a democracia sob qualquer pretexto é um sinal de ingratidão”, disse à Lusa Rui Tavares, à margem da antestreia do filme “O Palácio de Cidadãos”, no Cinema Ideal, em Lisboa.
O Conselho de Ministros aprovou hoje o decreto do luto nacional de três dias pela morte do Papa Francisco, na sequência do qual o Governo decidiu cancelar toda a “agenda festiva” e adiar as celebrações relativas ao 25 de Abril, alegando que o luto nacional implica reserva nas comemorações.
Para o porta-voz do Livre, a decisão revela “uma singular falta de respeito pela democracia e pelo 25 de Abril”, sobretudo no ano em que se assinalam os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal.
“Agora, temos um Governo que acha que deve autolimitar-se na comemoração daquilo que é a sua razão de ser. É absolutamente chocante, é deplorável, é lamentável”, classificou.
Rui Tavares considerou ainda que o adiamento das celebrações da Revolução dos Cravos desrespeita o próprio Papa Francisco que – recordou – “foi cidadão de um país que viveu em ditadura, (…) alguém que saberia do papel pioneiro do 25 de Abril”.
“Se imaginasse que algum governo iria deixar de celebrar a democracia sem a qual o governo não tem legitimidade, usando o Papa Francisco como desculpa, acho que ficaria muito triste”, acrescentou.