O título da Liga dos Campeões de hóquei em patins, conquistado pelo Òquei de Barcelos no passado domingo, sinalizou a maior conquista da carreira do treinador Rui Neto, na sua segunda passagem pelo emblema minhoto.
A vitória histórica diante do FC Porto, em Matosinhos, conseguida no desempate por grandes penalidades, após empate 1-1 no final do prolongamento, permitiu aos barcelenses sagrarem-se campeões europeus pela segunda vez na sua história – a primeira havia sido em 1990/91.
Em entrevista à agência Lusa, o técnico, que, no final da época passada, viu fugir a Taça de Portugal no derradeiro encontro e também havia marcado presença na ‘final four’ da ‘Champions’, mostrou-se satisfeito por ter conseguido dar o “clique” para consumar a conquista de maior magnitude a nível de clubes.
“Deixei de ser um treinador do ‘quase’, tinha ficado pelo ‘quase’ muitas vezes. Entre conseguir e não conseguir, está uma linha muito ténue. No ano passado, perdemos a final da Taça de Portugal com o FC Porto, mas podíamos ter ganho. Falhámos a ida à final da Liga dos Campeões em penáltis, mas, este ano, foi assim que ganhámos. Portanto, isto é importante para materializar os objetivos, vencer, mas só nesse aspeto. É aquele clique mais psicológico”, expressou.
Rui Neto, que também já venceu a competição enquanto jogador, ao serviço do FC Porto, em 1990, lembrou a derrota pesada com que o Óquei de Barcelos iniciou a temporada, também diante dos portistas (6-1), importante para corrigir aspetos psicológicos no seio do plantel, vencer a Supertaça na semana seguinte e encarreirar agora para o triunfo na Liga dos Campeões.
“Da forma como começámos, toda a gente pensaria que esta seria uma época desastrosa. Felizmente, conseguimos inverter esse pensamento. O contexto do jogo com o FC Porto teve particularidades que serviram para puxar os atletas à realidade. Tínhamos o jogo em aberto, depois tivemos um apagão e permitimos um resultado de 6-1. Disse-lhes que tinham capacidade de discutir o jogo, mas que não podiam perder o controlo emocional. Foi esse o grande passo que dei a esta equipa enquanto treinador”, avaliou.
Depois de uma primeira passagem bem-sucedida no clube, em que inclusivamente conquistou uma Elite Cup (2021/22), o treinador voltou a assumir o cargo em fevereiro de 2024, pouco mais de um ano após a saída.
“Costuma-se dizer que a gente nunca deve regressar onde já foi feliz, mas, neste caso, a história inverte-se. Nos dois primeiros anos em Barcelos, tive épocas muito boas. Saí porque, na altura, entendi que as coisas já não estavam a funcionar, a mensagem já não dava a passar e, portanto, foi o melhor para o clube e para mim”, relatou.
Sem esconder que augurava voos mais altos para a sua equipa no regresso, explicou que encontrou uma dinâmica diferente, mais focada no coletivo, ainda que muitos dos jogadores fossem os mesmos, tendo assumido também Rui Neto uma dinâmica diferente no exercício das funções.
“Quando regressei, foi exatamente com a mesma ambição, motivação e objetivos. Simplesmente, fui um pouquinho diferente porque aprendemos com os erros. Sou um treinador ambicioso e, em cinco ou seis meses na época passada, chegámos à ‘final four’ da Liga dos Campeões e à final da Taça de Portugal. Portanto, sim, agora tinha essa ideia [de ser campeão europeu]”, afirmou.
Ainda que tenha confessado que a semana de trabalho foi atípica, fruto dos festejos pelo título europeu, o treinador não pretende desarmar e aponta baterias ao encontro de hoje, diante da Oliveirense, já a contar para a fase final do campeonato nacional.
“Resta procurar mais títulos, o campeonato nacional, que nunca ganhei como treinador. Sei que seria um feito enormíssimo ser campeão em Barcelos, porque lutamos na mesma competição, mas as condições não são as mesmas em relação ao FC Porto, Benfica e Sporting, em play-off. Não digo que seja mais difícil ser campeão nacional do que europeu, neste atual formato, em que tivemos de fazer 14 jogos e perdemos apenas um”, concluiu.