Desconhecidos furtaram, na noite de domingo para segunda-feira, no Baluarte do Socorro, junto à Pousada de S. Teotónio, na Fortaleza de Valença, um canhão do reinado de D. João V, pertencente ao Arsenal Real do Exército, 7-1-16, do séc. XVIII.
Em comunicado, a autarquia dá conta de que, “ao que tudo indica, o canhão foi arremessado muralha abaixo, para um patamar intermédio, e novamente atirado para o fosso da fortaleza, onde terá sido recolhido e transportado”.
“Este é um roubo que abrange o património móvel nacional existente na fortaleza de Valença”, acrescenta a autarquia, salientando tratar-se de “um magnífico exemplar de armamento bélico, que estava exposto no Baluarte do Socorro, no interior da Fortaleza de Valença”.
A Câmara comunicou o caso à GNR, sendo que foi acionada, de imediato, a Polícia Judiciária que já esteve no local a recolher provas.
O presidente da Câmara, José Manuel Carpinteira, citado no comunicado, mostrou-se “profundamente revoltado e indignado com mais um situação de roubo / vandalismo na cidade, sendo que desta vez se trata de um elemento de incalculável valor histórico e patrimonial”.
Entretanto, adianta a autarquia, os restantes canhões existentes na fortaleza foram retirados e guardados, para prevenir uma nova tentativa de furto.
A fortaleza, ex-líbris de Valença, é anualmente visitada por mais de dois milhões de pessoas.
A fortaleza de Valença, monumento nacional, candidata a Património da Humanidade, assume particular importância pela dimensão, com uma extensão de muralha de 5,5 quilómetros, e pela história, tendo sido, ao longo dos seus cerca de 700 anos, a terceira mais importante de Portugal.
A fortaleza desempenhou um papel preponderante na defesa dos ataques de Espanha e chegou a receber cerca de 3.500 homens, em dois regimentos do Exército. A presença militar só terminou em 1927, com a saída do último batalhão do Exército.
Em dezembro de 2019, a Câmara de Valença, juntamente com os municípios de Almeida, Elvas e Marvão formalizaram, junto da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), a candidatura conjunta das Fortalezas Abaluartadas da Raia a Património Mundial.