A vimaranense Dulce Félix terminou hoje na 16.ª posição a maratona dos Jogos Olímpicos Rio2016, com Jemina Sumgong a dar o primeiro título feminino ao Quénia na distância.
Sumgong correu a prova em 2:24.04, menos nove segundos do que Eunice Kirwa, do Barhein, e 26 do que a etíope Mare Dibaba, campeã do mundo.
Após as desistências de Sara Moreira e Jéssica Augusto, Dulce Félix foi a única portuguesa a terminar a corrida na 16.ª posição, a 6.35 minutos da vencedora, melhorando o 21.º lugar de Londres2012.
Declarações: Dulce Félix destaca vitória do querer sobre o calor
Dulce Félix apontou o seu querer como o maior responsável por ter ‘sobrevivido’ ao calor, seu grande adversário.
“O calor foi o meu grande adversário, mas a minha ambição, o meu querer, o meu acreditar fizeram com que eu fosse 16.ª. Saio daqui feliz, porque acho que só o facto de terminarmos uma maratona olímpica é de louvar. Saio com a sensação de dever cumprido. Foram muitos meses a trabalhar para esta maratona olímpica. As condições não ajudaram, mas, como viram quando cheguei à meta, acabei exausta, mas feliz com o meu resultado”, realçou a única portuguesa a completar a prova.
Ao cortar a meta, no Sambódromo, a atleta do Benfica comemorou efusivamente, um festejo que se deveu a todo o trabalho e a tudo o que sacrificou para estar na maratona do Rio2016.
“Eu acho que vim sempre em 16.º, 17.º. É obvio que me custaram os últimos sete quilómetros, porque o calor começou a apertar muito, mas a minha vontade de acabar uma maratona fez com que chegasse satisfeita”, acrescentou.
Apesar do calor intenso que se abateu hoje sobre o Rio de Janeiro, Dulce Félix negou que esta tenha sido a sua maratona mais difícil.
“Pelas condições climatéricas, sim, mas em Londres2012 sofri muito mais do que aqui. Mas essa foi outra prova, é para esquecer. Sem dúvida, que foi uma das maratonas em que sofri mais. Na parte final, para acabar, sofri bastante, porque o clima começou a aquecer cada vez mais e foi onde me custou mais”, assumiu, dizendo que hoje a sua estratégia de sobrevivência foi apanhar todo o abastecimento que conseguiu.
Sobre a desistência de Sara Moreira e Jéssica Augusto, a maratonista vimaranense revelou que percebeu que as colegas desistiram quando passou nos pontos onde estas abandonaram e as viu a apoiá-la.
“Claro que fico feliz por vê-las a puxar por mim, mas sei que elas estão tristes porque trabalharam muito para terminar a maratona olímpica. Elas estavam confiantes. Mas eu só posso falar de mim, não posso falar por elas”, afiançou.
Agora, Dulce Félix tem mais quatro anos para trabalhar até Tóquio2020. “Em Londres2012, fui 21.ª, hoje 16.ª. pode ser que daqui a quatro anos, da maneira como isto está a correr, ainda faço muito melhor. Temos de acreditar que sim”, disse, assumindo que agora só quer usufruir do seu lugar.
Análise: Participação portuguesa foi desastrosa. Escapou Dulce
A maratona dos Jogos Olímpicos Rio2012 foi ‘madrasta’ para Portugal, com Sara Moreira e Jéssica Augusto a desistirem por lesão e deixarem todo o protagonismo a Dulce Félix, que melhorou o resultado de Londres2012.
Dulce Félix não se deixou abalar pelo abandono das suas companheiras, nem pelo insuportável calor que se fez sentir durante a maratona, para concluir a prova na 16.ª posição e atenuar o desaire das duas maiores esperanças nacionais na distância.
Há dois dias, Sara Moreira, campeã europeia da meia-maratona, garantiu estar a 100 por cento, irritou-se quando insistiram em perguntar-lhe sobre os efeitos que a “pequena inflamação na zona do osso” poderia ter no seu desempenho e defendeu que uma semana de paragem em dez de treino não fariam qualquer diferença.
Hoje, ainda as pessoas tentavam encontrar lugar para assistir à maratona, e já a atleta do Sporting abandonava a prova, sem completar se quer os sete primeiros quilómetros, saindo da sua terceira participação olímpica – foi 14.ª nos 10.000 metros, em Londres2012, e 22.ª nos 3.000 obstáculos, em Pequim2008 – pela porta pequena, deixando no ar a sensação de que deveria ter sido a ‘suplente’ Vanessa Fernandes a alinhar.
Mas o ‘desastre’ luso estava apenas a começar: à passagem cronometrada dos 20 quilómetros, o nome de Jéssica Augusto deixou de aparecer. A longa espera confirmou a desistência da sétima classificada em Londres2012, devido a uma dor na virilha.
A aposta da Federação Portuguesa de Atletismo na maratonista do Sporting, que tinha apenas a quarta melhor marca – Filomena Costa tinha um registo melhor, mas ficou em casa -, gorou-se, com os destinos nacionais a ficarem entregues a Dulce Félix.
A vice-campeã europeia dos 10.000 metros cumpriu à risca o seu plano, seguindo ao seu ritmo, sem se preocupar com o das adversárias, e foi crescendo (e subindo na classificação) a cada ponto intermédio.
No dia mais quente desde o início dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, Dulce Félix manteve a passada para concluir a maratona na 16.ª posição, a 6.35 minutos da vencedora, a queniana Jemina Sumgong, uma ‘vitória’ festejada efusivamente pela portuguesa.
Aos 33 anos, a atleta vimaranense melhorou Londres2012, onde foi 21.ª na sua estreia olímpica.
Notícia atualizada às 19h14
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