O presidente do PSD desafiou hoje o primeiro-ministro a esclarecer se não estão a ser pagos “calotes empolados” no Novo Banco, lamentando que a justiça não tenha ainda atuado no “maior crime de colarinho branco”, numa referência ao BES.
No debate quinzenal com António Costa no parlamento, Rui Rio centrou toda a sua intervenção nas injeções de dinheiro público no Novo Banco calculando que, desde 2014, esta instituição já tenha recebido cerca de sete mil milhões de euros de impostos dos portugueses.
“O senhor ministro das Finanças diz que temos de pagar, ponto final. Não concordo, temos de pagar porquê? Temos de pagar se for devido, se não for devido não temos de pagar”, defendeu.
O líder do PSD pediu a António Costa que esclarecesse se “tem a certeza” de que não existem créditos do Novo Banco “vendidos ao desbarato”, imóveis vendidos “a preço de favor” (e a quem) e pediu que a Assembleia da República tenha acesso à documentação que detalha as imparidades que justificam as injeções do Fundo de Resolução.
“Imparidades em linguagem bonita da Assembleia da República, para o povo entender, são calotes”, afirmou Rio.
Na resposta, o primeiro-ministro apontou que quem supervisiona e quantifica as imparidades do Novo Banco é o Banco Central Europeu e que as contas desta instituição foram auditadas por três entidades.
“Se quer saber e obter essa documentação, é requerer a quem a tem. E quem a tem ou são os auditores ou o Fundo de Resolução”, afirmou.
Perante as dúvidas do presidente do PSD, António Costa defendeu que a venda do Novo Banco em 2017 – quando apenas havia um interessado – foi “o melhor acordo possível”.
“Se não tivéssemos vendido em 2017, teríamos ficado melhor com o banco resolvido? Não quero comentar o que fizeram os meus antecessores, sobre o que nós fizemos não tenho a menor dúvida de que para a banca, para a economia portuguesa e para a imagem externa do país, a venda foi o melhor acordo possível face ao que estávamos a vender”, disse.
Rui Rio fez também questão de voltar uns anos atrás e referir-se ao Banco Espírito Santo (BES), cuja resolução viria a dar origem ao Novo Banco (o chamado “banco bom”, como recordou o líder do PSD), lamentando que a justiça “não tenha tido ainda a capacidade de julgar e muito menos punir quem quer que seja naquele que é o maior crime de colarinho branco em Portugal”.