O antigo presidente do BES Ricardo Salgado foi condenado a seis anos de prisão efetiva no julgamento do processo separado da Operação Marquês, cujo acórdão foi hoje lido no Juízo Central Criminal de Lisboa.
O tribunal deu como provada a quase totalidade dos factos de que o ex-administrador do BES era acusado em três crimes de abuso de confiança.
A pena de prisão terá de ser efetiva, por ser superior a cinco anos, mas a sentenção ainda é passível de recurso.
Ricardo Salgado fica proibido de se ausentar do país e é obrigado a entregar o passaporte, uma vez que o tribunal considera que há risco de fuga.
O advogado de Ricardo Salgado já anunciou que irá recorrer da decisão e considera que a condenação a pena efetiva de uma pessoa que “sofre da doença de Alzheimer não é, obviamente, aceitável, do ponto de vista da lei, do humanismo e da dignidade humana”.
Salgado não esteve presente na leitura da senteça
O ex-banqueiro não esteve presente na leitura da sentença no processo extraído da Operação Marquês.
“O doutor Ricardo Salgado foi dispensado do tribunal, não estará presente”, disse Francisco Proença de Carvalho, advogado do ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, antes de entrar no tribunal, no Campus de Justiça, em Lisboa.
Antes disso, foi interpelado por um pequeno grupo de lesados do BES, liderado pelo habitual porta-voz Jorge Novo, que questionou o causídico sobre a confirmação da provisão nas contas do BES para pagar aos lesados e pedindo uma confirmação escrita.
À resposta “está nas contas do BES”, Jorge Novo insistiu: “Mas nós precisávamos de um papel escrito e o senhor como advogado podia-nos conceder isso”.
“Nós temos muito respeito pelos lesados, o doutor Ricardo Salgado também tem muito respeito pelos lesados e tem-se defendido em múltiplos processos precisamente para que a verdade do que aconteceu no BES venha ao de cima. Não é forçosamente neste caso que aqui estamos hoje, mas nas nossas defesas estão os argumentos em relação à provisão, em relação a tudo isso”, respondeu Proença de Carvalho.
Questionado sobre se podia confirmar que o Banco de Portugal estava informado sobre todas as atas do BES e sobre a reestruturação que foi feita no banco, Francisco Proença de Carvalho reconheceu a importância das questões para a defesa dos lesados, mas remeteu para a consulta de processos em curso.
“Estão a fazer perguntas bastante relevantes que estão em curso nos processos, nomeadamente o universo Espírito Santo”, disse.
“O Banco de Portugal esteve sempre ciente do que se foi passando no BES e nós já demos a nossa visão, a visão do nosso cliente, nos diferentes processos. Processos que têm acesso público. Os senhores têm também advogados nesses processos e acho que é a melhor forma de se defenderem. Do nosso lado vamos fazer sempre o possível para que a verdade venha ao de cima”, afirmou.
Sublinhou ainda não ser advogado do regulador da banca quando Jorge Novo lhe disse que os lesados estavam hoje ali presentes também para “pedir responsabilidades ao Banco de Portugal”.
(em atualização)