As “pichagens” feitas na estátua do cónego Eduardo Melo, em Braga, são “recorrentes” e não se enquadram nesta “vaga recente de atos de vandalismo contra determinados símbolos”, disse à Lusa o presidente da câmara local.
O social-democrata Ricardo Rio referiu que as “pichagens” na estátua têm ocorrido com “alguma frequência” nos últimos anos porque, desde a sua instalação, que tem sido contestada.
“Embora não sendo consensual, houve a decisão de a instalar, tendo essa partido de uma iniciativa privada que na altura foi autorizada pelo município”, frisou.
Instalada no centro de uma rotunda no Largo de Monte D’Arcos, em 2013, a estátua do sacerdote português, acusado de apoiar atentados de extrema-direita, como o que provocou a morte do padre Max, motivou, logo no dia seguinte, uma concentração de repúdio.
Hoje, a estátua do cónego Melo apareceu com as inscrições a vermelho “abril”, “25”, “padre Max” e “assassino”.
Tal como faz sempre que estas situações acontecem, os serviços da autarquia vão proceder à sua limpeza já na segunda-feira, revelou Ricardo Rio.
Atendendo à recorrência destes episódios, o autarca acredita que não é algo que se possa englobar nos protestos no mundo contra o racismo, na sequência da morte do norte-americano George Floyd.
Contudo, assumiu, “uma coisa acaba por estimular a outra”.
Contactada pela Lusa, a PSP de Braga disse não lhe ter sido reportada nenhuma ocorrência referente à estátua, acrescentando que a última situação que lhe foi comunicada foi em 25 de abril.
Por esse motivo, esta força policial acredita que estas “pichagens” são referentes a essa data.
Confrontado com esta informação, Ricardo Rio explicou que recebeu hoje a comunicação de que a estátua havia sido alvo de novas inscrições esta madrugada.
Além disso, contou, é “estranho” esta informação da PSP porque a autarquia, sempre que tem conhecimento destas situações, procede nos dias seguintes à sua limpeza.
“Acho estranho que se reporte a abril porque somos imediatamente alertados quando estas situações acontecem e atuamos em conformidade”, vincou.
Esta semana, a estátua do padre António Vieira, em Lisboa, foi vandalizada.
De acordo com a fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, “houve uma projeção de tinta” vermelha sobre as figuras do padre António Vieira e de três crianças, que compõem o conjunto de esculturas, tendo sido igualmente escrita a palavra “Descoloniza” na base do monumento.
No seguimento a morte do norte-americano George Floyd e das manifestações que se lhe seguiram, vários monumentos têm sido vandalizados e derrubados em cidades dos Estados Unidos da América, mas também na Europa, por serem associados ao racismo e a períodos da escravatura por alguns movimentos.