A Taberna do Migaitas, no centro da cidade de Braga, reabre na segunda-feira, ao “pé-coxinho”, com o proprietário a confessar “grande preocupação” com a nova realidade a enfrentar.
“As pessoas, além de estarem com menos dinheiro no bolso, estão sobretudo com muito, muito medo. E quando se vai a um restaurante é para ter gozo, sentir prazer. Se houver medo, fica-se em casa”, refere Fernando Migaitas.
Por isso, a sua taberna vai, ”naturalmente”, cumprir com todas as determinações das autoridades de saúde, mas “sem as levar ao exagero”.
“Isto vai continuar a ser um restaurante, não um cemitério ou um manicómio”, sublinha.
Até ao final do mês, a Taberna do Migaitas vai abrir apenas ao almoço e de segunda a sábado, com três trabalhadores a tempo parcial, continuando os restantes seis em ‘lay-off’.
“Será uma fase para apalpar terreno. Vamos abrir a porta, esperamos ver o cliente a entrar. Se não entrar, não sei o que vai ser disto”, atira.
Em Viana do Castelo, António Camelo vai reabrir, na terça-feira, cerca de metade dos 560 lugares que tem disponíveis em três salas distribuídas pela quinta, em Santa Marta de Portuzelo, onde há 37 anos se iniciou no negócio da restauração. A folga semanal foi sempre gozada à segunda-feira, e em estado de calamidade imposto pela pandemia de covid-19, o dia servirá para “ultimar os preparativos da reabertura”.
“Tenho a sorte de ter espaço mais do que suficiente para poder receber 50% dos clientes que recebia antes da pandemia, garantindo todas as condições exigidas pela Direção-Geral da Saúde (DGS)”, afirmou o empresário de 77 anos.
Além das três salas instaladas em três edifícios independentes, o restaurante de comida tradicional, que em 2019 recebeu da Câmara de Viana do Castelo o título de Instituição de Mérito, tem ainda 300 lugares nas esplanadas criadas à sombra das videiras e, para “um plano B”, a tenda de eventos com mil lugares”.
“Oxalá que seja preciso recorrer ao plano B. Significaria que teria muita no restaurante. Gente que venha aqui por falta de espaço de certeza que não vai embora”, atirou o empresário.
A preparação da reabertura implicou uma “verdadeira barrela” às instalações, “com desinfeções e medições”, formação aos 20 funcionários “fixos” do restaurante encerrado há dois meses e a acumular prejuízos “arrepiantes”.
“Ainda não fiz contas. Não sou capaz, é muito. É arrepiante olhar para a agenda onde tínhamos os marcados e ver só cancelamentos até novembro. Nunca me passou pela cabeça poder viver uma situação destas, mas não perco a esperança, nem me deixo assustar”, referiu
Antes da pandemia, num fim de semana, calculou, as salas do restaurante podiam servir “entre 1.100 a 1.200 refeições”, sem contabilizar os mil lugares da tenda de eventos.
Durante os dois meses de paragem trabalhou em regime de ‘take away’, mas “é um remédio triste neste ramo”.