Responsáveis de distribuição dos CTT demarcam-se da greve de 29 de maio

Convocada por alguns dos sindicatos
Foto: O MINHO / Arquivo

A Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição (ANRED) dos CTT demarcou-se hoje da greve convocada para dia 29 contra a atribuição do cartão refeição, na qual “não se revê” e que considera “lesiva dos interesses dos trabalhadores”.

“É com enorme surpresa e um sentimento de incredibilidade que a ANRED encara a greve geral convocada por alguns dos sindicatos para o próximo dia 29 de maio, com o fundamento na decisão tomada pela empresa – no que acreditamos ter por objetivo causar o menor impacto possível no conjunto dos seus trabalhadores – de pagar o subsídio de refeição através do cartão refeição a todos aqueles que ainda não tenham optado por esse meio”, afirma a associação em comunicado.

Sustentando que “esta medida, ao contrário de outras que estão a ser adotadas por inúmeras empresas no país, não é redutora dos rendimentos [dos trabalhadores], muito pelo contrário”, a ANRED recorda que mereceu “o acordo dos vários sindicatos, incluindo os que estão a convocar esta greve, no contexto de um processo negocial que não se terá concluído com sucesso, por razões que nada terão tido a ver com a bondade desta medida (e de outras)”.

“Num contexto de grandes dificuldades e desafios para os portugueses, para os trabalhadores e para as empresas no nosso país, muitas destas últimas as quais têm estado também a sentir uma forte redução das suas receitas e por isso têm recorrido a medidas legais que são redutoras dos rendimentos dos respetivos trabalhadores, a ANRED saúda os CTT por não tomarem medidas dessa natureza, interpretando esse esforço da empresa como um muito justo reconhecimento do esforço que todos os seus trabalhadores, incluindo os das áreas operacionais e da distribuição, estão a fazer neste contexto muito difícil em prol do país e da sua população”, refere a associação.

Adicionalmente, a ANRED “saúda os CTT por, durante toda esta crise pandémica, ter adotado e executado um Plano de Contingência e Continuidade de Negócio traduzido numa estratégia seguida pelos demais serviços essenciais de garantir as medidas preventivas de proteção e saúde dos seus trabalhadores, em particular dos que se encontram na linha da frente da atividade, incluindo nas operações e na distribuição, e assegurar o normal funcionamento da atividade, com toda a segurança possível”.

“O país e a sua população têm vivido uns últimos cerca de dois meses bastante difíceis no contexto da pandemia global pela covid-19, os quais têm exigido o contributo de todos para combater a referida situação epidemiológica. E, se o contributo de grande parte dos portugueses tem passado pelo exemplar cumprimento do recolhimento domiciliário, o contributo de uma outra parte tem sido continuar a trabalhar e garantir o funcionamento do país e a prestação à sua população de um conjunto de serviços essenciais, entre os quais os serviços postais”, salienta.

Enaltecendo “a capacidade de resposta dos profissionais dos CTT, em particular os das operações e da distribuição, que mantêm altos padrões de produtividade e respondem com excelência no serviço que prestam aos portugueses mesmo em momentos de dificuldade coletiva como os decorrentes a atual crise pandémica”, a ANRED diz que “não se revê no fundamento invocado” para a greve do dia 29 e considera-a mesmo, “nas atuais condições, lesiva dos interesses dos trabalhadores”.

Criada em 1994 por profissionais da rede de distribuição dos CTT, a ANRED é uma associação socioprofissional cujos mais de 500 associados são gestores dos centros de distribuição postal, supervisores de distribuição, técnicos e quadros superiores de organização postal,

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT) entregou na quinta-feira um pré-aviso de greve para 29 de maio abrangendo os trabalhadores dos CTT Expresso e dos CTT – Correios de Portugal.

De acordo com o sindicato, os trabalhadores não aceitam a proposta de atribuição de um cartão de refeição como forma de pagamento do subsídio de alimentação, substituindo, assim, o pagamento no vencimento mensal por transferência bancária, como tem sido feito até ao momento.

Os trabalhadores dos CTT, diz o SNTCT, querem continuar a usar a retribuição referente ao subsídio de refeição “conforme a sua vontade” ou local de preferência.

Na sexta-feira, os CTT lamentaram o motivo na base da greve e apelaram ao “sentido de responsabilidade” dos sindicatos.

Garantindo que “respeitam inequivocamente o direto à greve consignado na Constituição da República”, os CTT disseram que “lamentam e não compreendem a razão da greve agora convocada por diversos sindicatos, que contestam a implementação de uma medida que, sendo positiva para a empresa, em nada prejudica ou retira benefícios aos seus colaboradores, tendo, aliás, o efeito contrário”.

“A decisão de pagamento do subsídio de refeição através de cartão-refeição aos colaboradores que ainda não tinham optado por essa via surge como uma de dezenas de medidas concebidas para reagir à quebra de proveitos e defesa da sustentabilidade da empresa”, prosseguem.

 
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