O primeiro-ministro assegurou hoje que se forem apuradas responsabilidades políticas quanto às mortes ocorridas durante a greve do INEM “elas terão de ser assumidas”, mas considerou que tal pode não significar demissões, considerando que tal “é um conceito novo”.
Luís Montenegro falava na conferência que assinala o terceiro ano da CNN Portugal, num painel sobre “Portugal e o desafio da competitividade europeia”, moderado pelo jornalista Anselmo Crespo.
Questionado o que diria o líder da oposição perante 11 mortes durante a greve dos técnicos do INEM, respondeu: “Diria que era preciso apurar-se responsabilidades, diria que o sistema de saúde não estava a corresponder, que era preciso perceber o que é que tinha acontecido e era preciso corrigir e, eventualmente, responsabilizar politicamente quem fosse responsável por isso, se essa evidência se tornasse clara”.
“Com certeza que se houver responsabilidades políticas elas terão de ser assumidas, nós não vamos furtar-nos a essa responsabilidade”, acrescentou.
Questionado se essas responsabilidades políticas podem chegar à ministra da Saúde, Montenegro diz que elas podem passar até pelo próprio primeiro-ministro.
“Eu tenho que assumir a responsabilidade sobre aquilo que fazem os membros do Governo, sobre aquilo que fazem as instituições que nós tutelamos”, disse.
No entanto, questionado se tal significaria demissões, respondeu: “Não estou a pensar demitir-me, estou a pensar assumir as responsabilidades. Assumir responsabilidades políticas não significa demitir-se, isso é um conceito novo, esse conceito não existe”.
“É um conceito novo porque não é por se demitirem pessoas que a responsabilidade política ficou cabalmente assumida e no dia seguinte parece que está tudo bem. Vamos fazer este exercício: a senhora ministra A ou o senhor ministro A, demitem-se. No dia seguinte a situação é igual, então e o ministro seguinte vai-se demitir também porque a situação é igual? A responsabilidade política sobre aquilo que nós decidimos tem de ser aferida, consoante a gravidade da responsabilidade terão naturalmente de se tomar as devidas decisões”, afirmou.