Requalificação do apeadeiro do elevador do Bom Jesus inclui Centro Interpretativo

Confraria espera fundos europeus para investir 2,3 milhões em três obras no Santuário
Foto: DR / Arquivo

O pelouro do Urbanismo da Câmara de Braga licenciou a proposta arquitetónica de requalificação do terminal inferior e largo envolvente do elevador do Santuário do Bom Jesus, que inclui a criação de um Centro Interpretativo. O equipamento fez 140 anos em março.

O projeto, do atelier do arquiteto bracarense Carvalho Araújo, diz que “o espaço para exposição interpretativa da história e funcionamento do elevador deverá ocupar o compartimento do lado norte do edifício e, para resolução do conflito implícito entre as funções de um terminal de transbordo com as de um espaço de exposição, fica separado de todas as funções necessárias para o funcionamento do sistema de acesso ao elevador”.

A obra envolve o arranjo do largo fronteiro com a alteração da circulação de automóveis e autocarros, e a colocação de duas máquinas de venda de bilhetes e respetivos torniquetes.

Em declarações ao O MINHO, Varico Pereira, vice-presidente da Confraria de Bom Jesus do Monte, adiantou que está, também, concluído e licenciado um outro projeto do mesmo atelier, o do Centro Interpretativo do santuário – que é património da Humanidade – (sedeado na casa que funcionou como café), que receberá o nome de Jorge Ortiga, ex-arcebispo de Braga. Falta, apenas, a conclusão do projeto para a restauração e valorização da antiga Casa dos Correios, que se encontra muito degradada.

“Falta, agora, e atendendo a que esta terceira fase de investimentos chega aos 2,3 milhões de euros, que seja aberto o programa Portugal 20/30, para que possamos obter fundos comunitários”, explicou.

O responsável salienta que as obras derivam, desde logo, dos compromissos assumidos perante a UNESCO, que exigiu por exemplo a demolição do bar em cimento, e da necessidade de qualificar a visita (um milhão de pessoas por ano), e de valorização, divulgação e promoção do Bom Jesus.
Frisou que a Confraria espera ter a candidatura aprovada pelo programa Portugal 20-30 até setembro de 2023, para em dezembro poder ser apresentado à UNESCO, no quadro de um relatório periódico obrigatório.

Projeto baseado em três vetores

O projeto, do atelier do Beco da Bela Vista daquele artuiteto, baseia-se em três ordens distintas de análise: a do programa de utilização proposto pela Confraria do Bom Jesus do Monte, a análise e estudo do estado atual de conservação do edifício e utilização do largo e o estudo, ainda que sumário, da história da evolução do edifício, desde a sua construção, no final do século XIX.

O programa de utilização do edifício pressupõe as valências seguintes: “O sistema geral de acessos aos cais de embarque deve ser mantido, mas automatizado através do recurso a torniquetes ou catracas de acesso; devem ser instaladas duas máquinas de venda automática; uma para a venda de bilhetes para o elevador, e outra para a venda de produtos ligeiros de alimentação e bebidas; a oficina de reparação do sistema de funcionamento do elevador deve ser mantida, e dotada de um posto mínimo de instalações sanitárias de serviço”.

História e funcionamento

Sobre o Centro Interpretativo, acrescentam os arquitetos: “Deve ser criado um espaço de exposição interpretativa da história e funcionamento do elevador que, num momento em que a Humanidade vive uma premente e generalizada preocupação com a sustentabilidade ambiental da sua ocupação do planeta, representa um notável exemplo, pioneiro, de transporte movido pela gravidade da água, sem a emissão de gases poluentes, e que deverá substituir as instalações de serviço no compartimento do lado norte da nave central do edifício”.

Acrescenta que o espaço para exposição interpretativa da história e funcionamento do elevador deverá ocupar o compartimento do lado norte do edifício e, para resolução do conflito implícito entre as funções de um terminal de transbordo com as de um espaço de exposição, fica separado de todas as funções necessárias para o funcionamento do sistema de acesso ao elevador”.

Acentua que, “para valorização da qualidade espacial deste espaço, enquanto sala de exposição, propõe-se o alargamento do vão que atualmente constitui uma janela, na parede norte, passando este a ser também uma porta com duas folhas em caixilharia de madeira e vidro. A caixilharia opaca da porta dupla que separa este espaço do espaço da nave central é substituída por uma caixilharia de madeira e vidro, abrindo-se um novo vão na parede voltada para nascente, que passará a constituir uma quarta porta com folha dupla em caixilharia de madeira e vidro, permitindo que o espaço se passe a estruturar segundo uma interseção de dois eixos, mesmo sem um desenho ortogonal”.

 
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